sexta-feira, 16 de março de 2018

A "nossa informação" em causa?

No discurso de António Costa, substitua-se "nossa informação" por "nosso querido Primeiro-Ministro". Fica:

Um dos maiores problemas do País é a péssima qualidade do nosso querido Primeiro-Ministro, que só acorda para os problemas a meio das tragédias, esquecendo-se habitualmente do problema na hora certa de prevenir que a tragédia possa vir a acorrer.

Fica mais correcto. De facto, não cabe à "nossa informação", isto é, à comunicação social, prevenir tragédias. A sua missão é informar, ao contrário da do Governo. É certo que, quando Ministro dos Assuntos Internos, em 2006, António Costa aprovou uma legislação de limpeza das florestas, mas esqueceu-se de a fazer cumprir (e há dúvidas de que fosse eficaz em caso de ter sido cumprida). Quando Primeiro-Ministro, continuou a esquecer-se de que tal lei, supostamente de sua autoria, existisse. Só 2 anos depois, acordou, não no meio da tragédia, mas sim apenas no fim da tragédia, depois de merecidas férias e mais uns meses de tragédia em curso. Mas parece que a culpa é da "nossa informação". É preciso ter lata.

terça-feira, 6 de março de 2018

40900

Alguém ainda se lembra da luta académica de 1962 a favor da autonomia da Universidade e contra o Decreto 40900? As críticas que se têm ouvido contra a contratação de Pedro Passos Coelho pelo ISCSP da UL levam a crer que já não. A esquerda contribuiu decisivamente para esta luta, desde a esquerda moderada e democrática até à esquerda comunista. E, nesse tempo, poderia considerar-se de esquerda todo aquele que estava contra a ditadura de Salazar, muitos dos quais são agora designados como de direita. O ódio que Passos Coelho suscita na actual esquerda, leva a uma verdadeira cegueira. Chega ao ridículo de afirmar que, se o PSD voltar ao poder, vamos ter novamente cortes nos salários da função pública e nas pensões, entre outras malfeitorias, como se os cortes não tivessem sido iniciados pelo PS no tempo de Sócrates e continuados porque o acordo com a troika feito pelo PS assim o exigia, como aliás exigia também a salvação das finanças do País. Se a Universidade é de opinião que a experiência governativa pode ajudar a transmitir critérios de Administração Pública, não são razões políticas que se devem sobrepor.

PS: Já depois de escrever isto, vi isto, com que concordo totalmente.

sexta-feira, 2 de março de 2018

Critérios jornalísticos

Porque será que a confirmação por parte do INE de que o crescimento do PIB em 2017 foi 2,7%, reconhecimento este que não deu lugar a qualquer surpresa mas sim a inúmeras referências, mereceu uma interrogação por parte de jornalistas ao Presidente da República sobre o que pensava desse facto positivo e notável, mas, por outro lado, a notícia, conhecida no mesmo dia, dada pelo Banco de Portugal, de que a dívida pública voltou a aumentar em Janeiro (mil milhões) não teve grande eco nos meios de comunicação nem suscitou qualquer interrogação a Marcelo Rebelo de Sousa sobre o que poderia pensar deste facto negativo e detestável? Não quero acreditar que foi apenas para provocar mais um elogio do PR ao Governo de António Costa.

PS: A própria dívida pública líquida, que para mim é mais importante do que a bruta, aumentou 300 milhões.

Reconhecimento (II)

Também estou com Rodrigo Moita de Deus quando escreve no 31 da Armada: «Na sua cabeça até pode ter presidenciais esperanças para o dia em MRS se farte do lugar mas a verdade é que Passos Coelho sai de cena como o mau da fita. Mau líder da oposição. E o homem responsável pela "destruição do SNS", pelo "desinvestimento público", a "pior crise económica da democracia" e a probreza de milhares e milhares de portugueses. O pai da austeridade. O passismo tornou-se adjetivo. E o adjetivo não é um elogio. Uma narrativa da esquerda que o próprio, por omissão, deixou vingar. A política tem destas injustiças. Passos fez o que mais ninguém quis fazer - nem o PS. Assumiu responsabilidades que mais ninguém quis assumir - nem o Presidente. E, contra todas as expectativas, conseguiu. E conseguiu mesmo. O país que não tinha dinheiro para o ordenado dos funcionários públicos evitou a ruptura. O governo que não tinha condições para sobreviver mais de três meses durou um mandato inteiro e até ganhou as eleições. Ao país herdado e falido de 2011 valeu a teimosia daquele homem. Tudo o resto é conversa. E no fundo, no fundo, a Catarina, o Jerónimo e o António até sabem disso.»

PS: Não dou qualquer importância a comentários de anónimos. Até ficarei muito divertido se o Sr. Anónimo que se fartou de rir ao ler o meu artigo anterior também achar graça a este.