sexta-feira, 15 de dezembro de 2017

Portuguese language

A língua portuguesa é a quarta mais falada no mundo, com 215 milhões de falantes, talvez a quinta, com 279,2 falantes (incluindo 236,1 milhões como língua nativa e 36,8 como 2.ª língua),  ou ainda a sexta, com 170 ou 205 a 270 milhões, conforme as fontes. Em qualquer caso é uma das línguas mais importantes de entre as cerca de 6000 línguas faladas no mundo. É, além disso, uma língua rica a que não faltam palavras e expressões para uma comunicação em qualquer domínio, seja técnico, seja artístico ou ainda na literatura.

No entanto parece que muitos portugueses pensam que é preferível usar o inglês para comunicar. Há dias vi na TV com algum espanto que o Zoo do Algarve pretendia cativar as crianças a depositar num receptáculo as cartas ao Pai Natal com uma tabuleta em que se lisa "Letters to Santa". De seguida dei com as notícias de que na FIL haveria "workshops" e "show rooms" para o Natal (ou seria para Christmas?) e no Pátio da Galé se preparava um "Xmas Creative Market", enquanto que no Parque Eduardo VII decorria um evento chamado LISBONLAND. Mas estes exemplos não são raros e parece que qualquer coisa ganha em qualidade e em fama se tiver uma designação estrangeira, em particular em inglês. Não havia necessidade. O português devia bastar-nos.

Confesso que a língua inglesa me desagrada. Sempre me desagradou, principalmente pelo facto de a mesma letra ou conjunto de letras poder ter pronúncia diferente conforme a palavra em que se integra. Já Bernard Shaw se queixava do mesmo. Como saber se o "i" se dever ler "i" ou "ai"? Se existe o "i" porque utilizar o conjunto "ee" para o mesmo som? Como pronunciar o "th"? Depende da palavra. O aeiou, que em português apresenta 5 sons simples que correspondem às 5 vogais primárias, em inglês deve ler-se ei-i-ai-ao-iu (em pronúncia portuguesa). Quer dizer: 4 das 5 vogais principais devem ler-se como ditongos! Parece-me aberrante. Além disso, por falta de palavras para todas as situações, os ingleses preferem juntar duas ou mais palavras para significados que poderiam ser dados, e às vezes são em alternativa, por apenas uma palavra, como, por exemplo, "go up" para subir, "cut off" para recortar, e numerosos outros exemplos. Pensava ainda que o inglês era uma língua feia, que não poderia ter a beleza do italiano ou do francês, mas mudei de ideias, há muitos anos, quando um amigo meu inglês me ofereceu um disco com sonetos de Shakespeare. Reconheço, desde então, que pode ser uma língua bela, mas na linguagem de todos os dias não o é, certamente. Por estas razões me parece ainda mais aberrante o uso de inglês para portugueses, como nos exemplos acima.

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