segunda-feira, 23 de outubro de 2017

64

O número de vítimas mortais do incêndio de Pedrógão Grande foi definitivamente fixado em 64, número que parece aceite por todos. As dúvidas que foram levantadas na altura não mais foram ouvidas. O assunto parece pacífico, apesar de na altura se terem publicado algumas contagens muito superiores, até com nomes dos alegados falecidos. A explicação de que aquele número representava exclusivamente as vítimas directas serviu para calar todos os que duvidavam do número. Uma vítima que morreu de um acidente de viação ao tentar fugir do fogo foi por vezes apontada como a 65.ª vítima mortal, mas depressa se voltou ao número 64, talvez considerando que tal acidente não foi consequência directa. Nunca foi esclarecido que nomes estavam erradamente nas listas alternativas. Alguém declarou que havia nomes repetidos. Talvez houvesse. Mas a questão nunca ficou bem esclarecida. Admito que o número de mortos directos seja 64. Mas admitir não significa ter a certeza.

Acontece que agora, na sequência dos incêndios de 15 de Outubro, o número de mortos declarado tem sido actualizado ao longo dos dias incluindo os falecimentos nos hospitais dos feridos internados. Ora em Junho, em Pedrógão e cercanias, houve 254 feridos, dos quais 7 graves. Não houve qualquer notícia sobre evolução do estado dos feridos ou ocorrência de altas hospitalares (nem de baixas), a não ser que no início de Julho havia ainda 19 pessoas hospitalizadas e no dia 1 de Setembro ainda 6. Será de admitir que dos restantes 248 feridos hospitalizados nenhum faleceu? Se foi assim, é de lamentar que as boas notícias da sua reabilitação não tenha sido noticiada nem divulgado o grau de recuperação. De qualquer modo não se compreende a dualidade de critérios de considerar apenas vítimas mortais directas num caso e a totalidade no outro.

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