quarta-feira, 26 de julho de 2017

64 directos. E quantos indirectos?

A Procuradoria Geral da República tornou pública finalmente a lista das 64 vítimas mortais directas do incêndio de Pedrógão Grande. Segundo a posição oficial das instituições do Estado, esta publicação serve para confirmar o número de mortos. Se o nosso Primeiro Ministro já garantia antes desta divulgação que o assunto estava arrumado, estabeleceu-se agora a impressão de que agora é que está tudo esclarecido. O que António Costa declarara anteriormente ser apenas uma crença pessoal tornou-se numa certeza com aval do Governo. Assunto arrumado? Não! Mesmo admitindo, o que posso fazer sem grande esforço, que o número está correcto, segundo o critério de que os mortos directos são apenas aqueles cujas causas de morte são queimaduras ou inalação de fumos, resta a pergunta evidente e imediata: e quantos e quais são os mortos indirectos? Há pelo menos a senhora que morreu atropelada, mas a PGR já abriu o respectivo processo. Será que não há mais? Numa tragédia como esta há muitos modos de morrer além modos considerados directos. Houve fugas precipitadas e em péssimas condições de segurança, há casas destruídas, parece muito provável que tenham ocorrido mortes nestas circunstâncias. Os relatos que referem corpos encontrados depois de já divulgado o número de 64, e portanto não incluídos nesse número, necessitam de uma investigação séria e completa. Além disso, custa a crer que dos 254 feridos anunciados na altura e que deram entrada em diversos hospitais, todos tenham sobrevivido, embora deseje acreditar que se tenham mesmo todos salvado. E, qualquer que sejam as situações particulares de cada uma das vítimas, mesmo no que se refere aos sobreviventes, seria útil saber em que estado sobreviveram. É indispensável, portanto, um esclarecimento completo.

1 comentário:

Anónimo disse...

E não se esqueça, como bem lembrou Passos Coelho, de todos os que se suicidaram. Ainda ontem ouvi falar de uma senhora na Lapónia que se enforcou e há quem diga que foi depois de saber dos fogos em Portugal. E o governo português? Moita carrasco. Uma vergonha!