terça-feira, 11 de abril de 2017

Macron = Dijsselbloem?

Ainda se vão ouvindo ecos da indignação quase geral, a que não me associei (e não fui o único), que as palavras de Dijsselbloem provocou quando disse que quem gastou o seu dinheiro em copos e mulheres não pode depois andar a pedir dinheiro aos outros. Ainda hoje li que António Costa continua a pedir a demissão do Presidente do Eurogrupo e já tem sugestão para o sucessor preferido para o cargo (que ainda não está vago). Mas que dizer das palavras ouvidas há pouco pelo candidato e provável futuro Presidente da República de França, Emmanuel Macron? Na longa entrevista em que respondeu às perguntas de Paulo Dentinho, foi muito claro quando questionado sobre a sua posição perante as propostas de mutualização das dívidas dos estados da Zona Euro. Disse, em suma, que não era a favor da mutualização das dívidas passadas, quando muito das dívidas que se viessem a criar futuramente depois de mecanismos financeiros adequados. E porquê? Porque não seria possível explicar aos contribuintes dos países que não têm dívidas acima do limiar permitido que iriam pagar pelos outros. E questionou mesmo como iria um político alemão dizer aos cidadãos da Alemanha que, depois do esforço que tinham feito para ter finanças sãs, iriam pagar as dívidas "dos que nada fizeram". Não só li a legenda como ouvi perfeitamente "ceux qui n'ont rien fait". Oh senhor Macron, então os portugueses não fizeram nada? Passaram os 4 anos da troika a preguiçar? Isto é tão ofensivo como dizer que gastámos em copos e mulheres. Não sei se António Costa viu a entrevista, mas, na impossibilidade de pedir a demissão de Macron, deve recomendar que ninguém vote nele, mesmo com perigo de facilitar a ascensão de Marine Le Pen à presidência.

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