domingo, 3 de janeiro de 2016

Grau zero de informação

Quase todos os canais noticiosos da TV nacional inserem regularmente roda-pés com curtas notícias mais ou menos actualizadas. Nalguns casos não parece haver qualquer critério na sua ordenação, noutros são divididas por secções como "Mundo", País", "Economia", "Desporto", etc.. Embora sejam úteis para veicular notícias de última hora ou informar sucintamente para além dos grandes temas que são tratados nos noticiários televisivos, infelizmente é demasiado frequente que a sua leitura deixe mais dúvidas do que informação útil ou que a informação veiculada seja tão vaga que se torne completamente inútil.

Um exemplo concreto é o que ocorreu há pouco sobre a campanha eleitoral para as eleições presidenciais. Um canal noticiou em roda-pé simplesmente: "Edgar Silva defende nova visão estratégica para as forças armadas". Nem mais. Uma nova visão estratégica! Qual seria esta visão, em que poderia ser diferente da visão estratégica actual, não se sabe. Para que serve veicular esta notícia? Pensei que ou Edgar Silva não tinha definido qual o significado da visão que defendia e era apenas uma ideia sem conteúdo atirada ao vento, ou então o jornalista que redigiu a curta notícia não teve a noção de que, assim resumida, a ideia do candidato ficava vazia de sentido. Ao procurar informação que explicasse a situação, dei com a notícia desenvolvida no Observador; aí a frase do roda-pé era o título da notícia e o corpo desenvolvia e explicava a ideia de que a "nova visão" defendida pelo candidato do PCP era que as forças armadas portugueses só interviessem em missões internacionais que decorressem "de decisões ou de compromissos no quadro das Nações Unidas", deixando de se "subordinar aos interesses da NATO e dos EUA". Pronto: tudo explicado, mas, se não cabia num roda-pé, mais valia que se abstivessem de dar a notícia a não ser quando a pudessem desenvolver. Se a frase curta e pouco explicativa é aceitável num título, que se destina apenas a chamar a atenção e definir o assunto, já num roda-pé é inaceitável por incompreensível.

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