quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Esquerda, volver! Marcar passo! (3)

O célebre acordo PS/PCP/BE, o tal que ainda não existe, pelo menos em forma acabada, aceite pelas partes e passada a escrito, continua a ser uma grande incógnita. O Presidente Cavaco Silva certamente não deverá indigitar António Costa para o cargo de Primeiro-Ministro sem ter em sua posse o texto do acordo e ter apreciado a sua segurança para permitir a estabilidade que tem exigido repetidamente. Mesmo depois de uma experiência de um governo da coligação PàF e da eventual rejeição deste pela AR, o Presidente deve assegurar-se da fiabilidade do acordo antes de tomar novos passos. Mais um argumento para a necessidade destas cautelas por parte do PR foi dado esta manhã pelo Secretário-Geral do PCP ao referir-se à solução governamental PS/PCP/BE como "uma solução duradoura, tanto ou mais duradoura quanto defenda os interesses nacionais". Para bom entendedor isto significa a contrario que se houver, da parte do PS, algum acto legislativo que, no entender do PCP, não defenda os interesses nacionais, a durabilidade da solução poderá estar em causa. Ora é sabido como a noção dos interesses nacionais dos comunistas difere da do Partido Socialista. Se a redacção final do acordo não contrariar a ideia deixada por Jerónimo de Sousa sem ambiguidade, é legítimo desconfiar da estabilidade do governo de esquerda que poderá resultar se Cavaco seguir a pretensão de António Costa.

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