domingo, 5 de julho de 2015

Se não houvesse PS

António Costa afirmou que a Grécia é "a dramática ilustração do que seria a situação em Portugal se não houvesse em Portugal o PS". Não percebi como teria chegado a esta conclusão singular. É sempre difícil chegar a qualquer conclusão na base de o que seria se não fosse como é. Mas, pensando sobre o assunto, parecia-me que era pouco provável que, se não houvesse o PS em Portugal, os votos dos portugueses se concentrassem de tal modo no Bloco de Esquerda que pudesse resultar um governo comparável ao actual da Grécia. Mas hoje tive ocasião de saber a base do raciocínio: Se não houvesse PS, diz Costa, o país estaria assim condenado "a ter de escolher a continuidade da austeridade que a direita defende ou a ruptura com o euro que a esquerda radical defende". Singular raciocínio. Na ausência do PS, surgiria certamente um partido com qualquer outro nome que representasse a esquerda moderada. De resto, o PS quase mergulhou o País em 2011 numa situação que teria conduzido a um colapso à grega se tivesse continuado a seguir políticas semelhantes. Não foi o PS, mas sim a coligação PSD/CDS que aplicou as medidas que a troika preconizou e que o PS aceitou e que nos permitiram ultrapassar o pior da crise. Entretanto, o PS, embora com direcções diferentes, sempre combateu o rumo de consolidação orçamental seguido, e não pelos defeitos que a sua aplicação possa ter, mas sim exactamente em sentido contrário, colocando-se mais perto das políticas defendidas pelo Syriza do que da correcta aplicação das medidas negociadas pelo próprio PS.

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