domingo, 12 de julho de 2015

A alternativa à austeridade

Afinal, a grande esperança que a esquerda tinha na demonstração de que a Grécia ia mostrar que havia uma alternativa à austeridade esmoreceu. Fazenda e Mariza Matias bem tentaram disfarçar o mal-estar provocado pela cedência de Tsipras, mas o embaraço é evidente. Torna-se cada vez mais evidente que, por muito que a austeridade tenha efeitos recessivos com consequências, como o crescimento nulo ou negativo e o aumento do desemprego, é um efeito da necessidade de reduzir as despesas por falta de dinheiro e não uma opção. Uma política de consolidação orçamental implica necessariamente medidas que se podem classificar como de austeridade, mas é claro que pode haver políticas de consolidação bem ou mal desenhadas, com efeitos negativos inevitáveis ou evitáveis. A austeridade pode ser mais bem ou mais mal conduzida, mas quando há que reduzir gastos, ou melhor, reduzir défices excessivos, a austeridade é inevitável. Tsipras ou ignorava isso, como é o caso da nossa extrema esquerda, ou fingia ignorar, como é o caso de parte da nossa esquerda não extrema. Não sei se quando prometeu o fim da austeridade estava de boa ou de má fé, o que sei é que era uma promessa que o levou à vitória mas impossível de cumprir. Se só na passada Quinta-feira compreendeu isso ou se verificou que não podia fingir mais, ignoro. Mas é evidente que ficou provado que quando um país está nas condições em que está a Grécia ou em que estava Portugal em 2011 não há alternativa para a austeridade. Os que festejaram a vitória do Syriza na Grécia e desejam uma vitória do Podemos em Espanha e do Bloco de Esquerda ou do LIVRE em Portugal recusam-se a admitir essa verdade.

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