quinta-feira, 28 de maio de 2015

Honestidade e propaganda eleitoral

Já lá dizia Bordalo Pinheiro: A política é uma grande porca! E continua a ser... tantos anos depois. Vem isto a propósito do que se pode dizer e do que se deve calar em períodos pré-eleitorais ou mesmo do que se considera normal mentir, sem o que nenhum político conseguiria ser eleito. Claro que maia tarde não se desculpam as mentiras. Todos acusam os políticos de mentir, de prometer sabendo que não podem cumprir, mas se alguém se atreve a ser honesto e a dizer algo que pode desagradar ao eleitorado ou mesmo só a parte deste, é atacado por "dar tiros no pé". Ouvi a Ministra das Finanças admitir que, para conseguir a sustentabilidade da Segurança Social, poderia vir a ser necessário reduzir o valor das pensões e, por uma questão de justiça intergeracional, isso poderia atingir mesmo as pensões actuais. Claro que como pensionista a hipótese não me agrada, mas além de pensionista sou pai e avô e não quero que, para eu poder manter o valor da minha pensão, venham os meus filhos e talvez mais ainda os meus netos a ser prejudicados no futuro. Admirei a frontalidade das palavras de Maria Luís. Além de não gostar de discursos enganadores, tão frequentes, aprecio que não me tentem enrolar com falsas soluções ou com promessas enganadoras. Também reparei que a Ministra falava apenas de hipóteses para resolução dum problema que ainda não tinha sido estudado em pormenor. Pois houve logo quem se sentisse obrigado a esclarecer que não havia qualquer proposta para cortes nas pensões. Eu bem tinha reparado que não havia qualquer proposta nesse sentido, o que já se sabia desde a apresentação das Opções Estratégicas, que já contemplavam a necessidade de uma poupança de 600 milhões. Mas logo se levantaram clamores de problemas na coligação, de contradições. E a oposição deu como certo que o Governo tinha já decidido fazer esses cortes. Felizmente, Maria Luís Albuquerque veio explicar cabalmente a situação, mas não creio que isso baste para acalmar as hostes. Afinal os que acusam os políticos de só pensarem em propaganda eleitoral não toleram que se fuja a essa prática e se diga a verdade.

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