sexta-feira, 29 de maio de 2015

Honestidade e propaganda eleitoral 2

Não sou o único que pensa assim. Também André Abrantes Amaral escreveu no i e repetiu n'O Insurgente ideias iguais (expostas em melhor prosa do que eu saberia fazer) em "No Fio da Navalha".

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Honestidade e propaganda eleitoral

Já lá dizia Bordalo Pinheiro: A política é uma grande porca! E continua a ser... tantos anos depois. Vem isto a propósito do que se pode dizer e do que se deve calar em períodos pré-eleitorais ou mesmo do que se considera normal mentir, sem o que nenhum político conseguiria ser eleito. Claro que maia tarde não se desculpam as mentiras. Todos acusam os políticos de mentir, de prometer sabendo que não podem cumprir, mas se alguém se atreve a ser honesto e a dizer algo que pode desagradar ao eleitorado ou mesmo só a parte deste, é atacado por "dar tiros no pé". Ouvi a Ministra das Finanças admitir que, para conseguir a sustentabilidade da Segurança Social, poderia vir a ser necessário reduzir o valor das pensões e, por uma questão de justiça intergeracional, isso poderia atingir mesmo as pensões actuais. Claro que como pensionista a hipótese não me agrada, mas além de pensionista sou pai e avô e não quero que, para eu poder manter o valor da minha pensão, venham os meus filhos e talvez mais ainda os meus netos a ser prejudicados no futuro. Admirei a frontalidade das palavras de Maria Luís. Além de não gostar de discursos enganadores, tão frequentes, aprecio que não me tentem enrolar com falsas soluções ou com promessas enganadoras. Também reparei que a Ministra falava apenas de hipóteses para resolução dum problema que ainda não tinha sido estudado em pormenor. Pois houve logo quem se sentisse obrigado a esclarecer que não havia qualquer proposta para cortes nas pensões. Eu bem tinha reparado que não havia qualquer proposta nesse sentido, o que já se sabia desde a apresentação das Opções Estratégicas, que já contemplavam a necessidade de uma poupança de 600 milhões. Mas logo se levantaram clamores de problemas na coligação, de contradições. E a oposição deu como certo que o Governo tinha já decidido fazer esses cortes. Felizmente, Maria Luís Albuquerque veio explicar cabalmente a situação, mas não creio que isso baste para acalmar as hostes. Afinal os que acusam os políticos de só pensarem em propaganda eleitoral não toleram que se fuja a essa prática e se diga a verdade.

terça-feira, 26 de maio de 2015

A grande revolução eleitoral espanhola não foi assim tão grande

O panorama eleitoral espanhol sofreu uma grande mudança, mas não uma grande revolução. Os partidos emergentes afirmaram-se como sérios concorrentes, mas não ainda como alternativa. Afinal o PP manteve-se como partido mais votado e o PSOE como segundo a nível nacional. O Podemos, que chegou a estar em primeiro lugar em sondagens no final de 2014, teve um bom resultado, mas não conseguiu mais do que o terceiro lugar, tendo o Ciudadanos ficado em quarto. Quando Pablo Iglesias anuncia "o princípio do fim do bipartidarismo", estará a anunciar o seu desejo, mas nada indica que as quedas do PP e do PSOE continuem nos próximos actos e é mesmo duvidoso que se mantenham nas próximas legislativas. Se Iglesias sonhava com um resultado à Siriza, deve ter ficado desiludido, mantendo o sorriso triunfante para disfarçar. Os comentadores que previam a ultrapassagem do PP pelas forças de oposição, quer as velhas quer as novas, mas principalmente estas, falharam. Não bastou o descontentamento pelas medidas de austeridade e pelas suspeitas de corrupção para afastar o PP do primeiro lugar. Se é certo que as perdas foram graves e, a nível municipal, gravíssimas, podendo mesmo perder a Câmara de Madrid, continua a ser um partido forte e decisivo na política espanhola.

quarta-feira, 13 de maio de 2015

A Década do PS

Não li e provavelmente não chegarei a ler o documento encomendado pelo PS a que chamaram pomposamente "Uma Década para Portugal". Também não fará grande diferença para saber em quem irei votar, até porque já foi afirmado pelo secretário-geral do PS que não se trata da Bíblia. Mas houve quem lesse e comentasse, felizmente. O Prof. Luís Aguiar-Conraria publicou no blog A Destreza das Dúvidas um extenso artigo que critica meticulosamente o maior parte das medidas preconizadas na Década, justificando as conclusões. Não é uma crítica destrutiva e até defende algumas das medidas, mas põe sérias dúvidas à maioria.

Lido o artigo de Aguiar-Conraria, o que concluí é que:

Há medidas boas, mas que não são exequíveis e há medidas exequíveis, mas que não são boas.

sábado, 9 de maio de 2015

O Firefox e a língua portuguesa

O Mozilla enviou-me uma simpática mensagem a informar sobre as novas funcionalidades da sua aplicação Firefox de acesso à internet. E levaram a simpatia a escrever em português. Infelizmente o português usado não é o que eu uso nem o que os portugueses usam, é o português do Brasil. Claro que compreendo tudo, mas não posso deixar de me sentir desagradado ao ser tratado quer por tu, quer por você na mesma mensagem e até na mesma frase, além de ter de suportar expressões e até palavras que não estão de acordo com a nossa maneira de escrever. Para já a mensagem intitula-se "Firefox + Você". Saberá quem traduziu (ou localizou, como se diz em jargão informático) que o tratamento por você não é muito delicado em Portugal? Claro que actualmente esta forma de tratar já é mais tolerado, mas mesmo assim não será o mais aconselhável. Alguns exemplos de brasileirismos na mensagem:

"O Firefox não vai te deixar fluente em francês,…
A coleção de Idiomas contém centenas de complementos para personalizar seu Firefox…
Esportista, naturalista, exagerado ou abstrato? Com os temas, você pode customizar seu Firefox sempre que quiser. Basta deixar o mouse em cima de um tema para conferir se ele fica legal,…
Se você for criativo sinta-se a vontade…
Confiança não se compra. Se conquista.
A Mozilla não é guiada por sócios ou acionistas. Nos motivamos por vocês…
Não fazemos isso pelos prêmios. Fazemos para te manter no controle, para que você possa navegar sem preocupações.
Está com alguma dúvida? O Suporte Mozilla está aqui para te ajudar. Peça ajuda»"




O meu corrector informático (atenção, não se trata do meu corretor pois não faço operações na bolsa), que está por minha vontade conforme a ortografia anterior ao AO90, aponta como erros "coleção", "abstrato" e "acionistas", mas, apesar de eu ser absolutamente contra o dito aborto ortográfico, já vou estando, infelizmente, habituado. Mas quando aparecem as palavras "esportista" ou "prêmios", já é menos suportável. Depois a mistura de você com tu é verdadeiramente irritante. Suponho que mesmo em português do Brasil não se pode considerar correcta. Os brasileiros têm direito a escrever como lhes apetece, mas o Mozilla sabe perfeitamente quando envia mensagens para Portugal ou quando vão endereçadas para o Brasil. Depois há "seu Firefox" em vez de "o seu Firefox", "sinta-se a vontade" em vez de "sinta-se à vontade", "Se conquista" em vez de "Conquista-se", "Nos motivamos" em vez de "Motivamo-nos" ou melhor "Somos motivados". E "mouse" em português é "rato". Ao contrário dos brasileiros, nós traduzimos muitas palavras que eles optam em manter em inglês. Não faço ideia quantos utilizadores do Firefox há em Portugal, mas acho que merecíamos um pouco mais de respeito pela nossa língua, o português, do modo como é utilizado em Portugal.





sexta-feira, 8 de maio de 2015

Novo partido britânico ou ignorância crassa do jornalista?

Tenho visto, lido e ouvido muitos disparates e até erros de jornalistas de vários meios de comunicação, mas nenhum que revele a ignorância crassa como o que li esta manhã nas legendas que pretendiam traduzir a admissão de derrota de Nick Klegg. Não sei quem foi o responsável pela legendagem, mas, quer tenha sido um jornalista quer um simples tradutor (sem menosprezo pela profissão de tradutor, onde também me integro), a tradução adoptada para "liberal democrats) revelou uma ignorância pouco habitual e grave. Por três vezes o nome do partido de Nick Klegg foi escrito na legenda como "Democratas Trabalhistas". Assim mesmo, com todas as letras. É certo que Klegg pronunciava "liberal" de forma quase imperceptível, talvez mesmo abreviasse para apenas "lib", mas quem é que, trabalhe num canal de TV ou mesmo simplesmente veja notícias na TV, pode ignorar que não existe nas ilhas britânicas qualquer partido político chamado "Democratas Trabalhistas"? O mais grave é que à hora de almoço a mesma reportagem foi repetida com o mesmo erro. Portanto não há qualquer controlo de erros ou enganos para poderem ser corrigidos a tempo.

Resultados surpreendentes

Os resultados das eleições britânicas foram ainda mais surpreendentes do que deixavam antever as projecções à boca das urnas ontem conhecidas. A derrota dos dois grandes derrotados que ontem apontei foi ainda mais profunda do que o que se esperava. Ainda não consegui ouvir qualquer comentário do PS português ou de qualquer outro partido de esquerda sobre a derrota dos seus semelhantes britânicos, mas suponho que estejam muito desiludidos. Só ouvi ontem já tarde algumas considerações inteligentes de Francisco Assis, mas é sabido que ele nem sempre está alinhado com a posição oficial do partido.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Quem são os derrotados no Reino Unido?

Perante os resultados na projecção à boca das urnas, há dois grandes derrotados nas eleições legislativas britânicas de hoje: Em primeiro lugar o socialismo, em segundo lugar as sondagens.

Os socialistas, que lá se chamam Labour, traduzido por cá como Trabalhistas, foram quem mais perdeu, ao que parece em grande parte por transferência de votos para os Nacionalistas Escoceses. Mas não foram os únicos derrotados: As sondagens falharam mais uma vez: É certo que as últimas já previam a vitória dos Conservadores, mas sempre por uma margem mínima, que muito lhes dificultaria a formação de um governo estável. Afinal basta~lhes manter a coligação com os Liberais Democratas para terem maioria absoluta no Parlamento, embora mesmo à justa.

Quanto às sondagens, mais uma vez se verificou que ficam longe da realidade. O que mais impressiona, é, que como se tem verificado noutros casos, há uma razoável concordância entre as várias sondagens, mas depois, na contagem de votos, desfaz-se qualquer concordância, tornando desajustados os inúmeros comentários e previsões anteriores ao conhecimento do resultado das votações.

Outros derrotados, embora neste caso sem grande surpresa, foram os independentistas do UKIP. Não sei quanto tiveram de percentagem de votos, mas o sistema eleitoral britânico não favorece os pequenos partidos, a não ser que estejam concentrados geograficamente. Assim o UKIP apenas consegue 2 assentos, o que pode parecer uma vitória por entrarem no parlamento, mas é uma derrota porque nenhuma ou pouca importância terão nas decisões políticas.

O bosque na cidade

Eis algumas fotografias que sugerem o campo, mas foram tiradas em plena cidade.
Um prado com boninas

 Cogumelos junto a um tronco

Um melro junto a uma árvore

Dois pombos em busca de alimento na erva

Com tempo e paciência seria possível muito mais. Bairros como os Olivais, onde estas foram tiradas, ou os muitos jardins de Lisboa poderiam fornecer muitos mais motivos.