domingo, 5 de abril de 2015

Corrida de presidenciáveis

Começou cedo a corrida dos putativos candidatos à Presidência da República. Já se falava e já se especulava sobre o assunto e já havia quem se pusesse a jeito, mas agora a coisa é mais séria: Os candidatos a candidatos apresentam-se publicamente. O primeiro a declarar-se interessado foi uma surpresa: Henrique Neto. A sua candidatura deixou António Costa nitidamente embaraçado, declarando-se indiferente, como se, não tendo ainda o PS definido a seu apoio a nenhum possível interessado, a candidatura dum militante socialista, ex-deputado, mas muito crítico do socratismo pudesse ser indiferente. Se Costa optou por uma fingida indiferença, já vários dirigentes socialistas mostraram a sua discordância, por vezes em termos muito pouco elegantes como é publico. Aparece agora Sampaio da Nóvoa a oferecer-se, prometendo uma apresentação formal para breve. Alguns órgãos de comunicação deram conta de um possível apoio para depois da apresentação, mas já há pelo menos uma reacção negativa de um membro da cúpula política do PS. Marques Mendes classificou a declaração de Nóvoa como um presente (um folar de Páscoa) para Marcelo Rebelo de Sousa e talvez tenha alguma razão. A posição política conhecida de Nóvoa, próxima das franjas mais esquerdistas do PS ou mesmo do BE, poderá afastar, diz-se, os socialistas mais moderados. Sabe-se que é ao centro que se formam as maiorias. Os eleitores dessa área vagueiam entre as orlas esquerdas do PSD e as direitas do PS e normalmente decidem o desfecho. Até um político com o passado e o prestígio de Mário Soares sofreu este efeito. Talvez até Helena Roseta, que declarou o seu desejo de se candidatar, lamentando apenas a falta de dinheiro (!), tenha mais probabilidades do que Nóvoa. Não é apenas as suas declarações políticas que o prejudicam: O seu discurso é enevoado e pouco compreensível, o seu passado político é nulo, a sua postura é rígida, altiva e não desperta simpatia. Se levar a sua candidatura até ao fim poderá obter um resultado humilhante. Se o PS lhe der o seu apoio, Nóvoa poderá ganhar mais votos, mas é provável que seja o PS a sofrer a humilhação.

Pelo caminho ficaram outros possíveis candidatos, como Guterres e Vitorino, que não mostraram vontade de arriscar. Carvalho da Silva será prejudicado pela candidatura de Nóvoa e até talvez pela de Henrique Neto. Do lado da direita, além do evidente interesse, que deverá receber o apoio do PSD, não apareceu ainda ninguém com um mínimo de possibilidades. A ideia de lançar o nome de Manuela Ferreira Leite morreu à nascença, despertando apenas sorrisos. O rumor recente da candidatura de Portas, com alegado apoio do PSD e do CDS/PP, foi prontamente desmentido. Assim é de esperar que, se Marcelo avançar e tiver o sim do PSD, o CDS também aprove a sua candidatura.

Ainda há tempo para aparecerem novas personagens, mas não se vislumbra quem possa ser.

PS: Esqueci-me de alguém ter lançado a ideia de que Maria de Belém se deveria candidatar, com o apoio do PS, claro.  Tal sugestão é tão descabelada, que a esqueci logo.

PS2: Também esqueci Pedro Santana Lopes, que espera um chamamento. Não serei eu a chamá-lo.

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