terça-feira, 28 de abril de 2015

Contra a austeridade marchar, marchar!

Parece que toda a política portuguesa, europeia e mesmo mundial se resume a ser contra ou a favor de políticas de austeridade. Parece que a austeridade é uma escolha facultativa: Os governos poderiam ou não adoptar medidas de austeridade conforme lhes agradasse. Durante os últimos anos ouvimos protestos contra a austeridade e afirmações de que a austeridade era responsável por todos os males. Aliás não nos devemos esquecer de que a austeridade foi acusada de causar uma espiral recessiva, de obrigar a um segundo resgate de Portugal e de não permitir uma saída limpa. Claro que o ajustamento orçamental teve efeitos recessivos, com as consequências de baixa do poder de compra das famílias, aumento do desemprego e de falências de empresas e de particulares, entre outras. Falta saber quais seriam as consequências da falta de ajustamento orçamental e se tal situação era mesmo possível. Mas as consequências da chamada austeridade não foram tão catastróficas como os arautos da desgraça apregoavam, como é sabido. Agora, que há condições para abrandar a austeridade, continua a haver quem se sinta obrigado a continuar a combatê-la, sem ter em conta que a possibilidade desse abrandamento é exactamente consequência de ter havido austeridade que criou as condições de menor défice e de crescimento que o permitem.

Apesar disso, a moda de prometer como programa de governação o fim da austeridade espalhou-se no espectro político e entre os politólogos e comentadores de economia, mesmo a nível internacional. E há quem afirme com ar muito sério que afinal há alternativas como provam os programas do Siriza na Grécia, do Podemos em Espanha e o relatório Uma Década para Portugal encomendado pelo PS a um grupo de economistas. Como estamos observando, estas alternativas estão por enquanto no papel, mesmo na Grécia, que está a tentar impor a sua alternativa, já houve recuos e adiamentos e não se sabe se resultará alguma coisa que não seja uma austeridade disfarçada. Para não parecer que se cede à austeridade, já Hollande decidiu chamar-lhe rigor, no que está a ser imitado por outros, mas na substância não se vislumbra grande diferença entre austeridade e rigor (O dicionário Houaisse apresenta mesmo "rigor" como um dos muitos sinónimos de "austeridade". Como há outros há largo campo para os políticos disfarçarem a austeridade usando termos equivalentes.).

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