segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

União

O Presidente François Hollande apelou à união para a grande manifestação que ontem decorreu em Paris. E houve união. Todos os meios de comunicação e muitas das pessoas entrevistadas salientaram que participaram na marcha cristãos, muçulmanos, judeus, pessoas de outras religiões e sem religião, mesmo israelitas e palestinianos lado a lado, assim como manifestantes politicamente de esquerda e de direita (com a excepção dos correligionários da Frente Nacional). Contudo, sem negar que tal união foi positiva para demosntrar a vontade colectiva de condenar o massacre, é estranho que ninguém tenha comentado que o objectivo da manifestação tenha sido definido de muitos modos diferentes. Para já a marcha foi anunciada como "republicana", apesar da presença dos primeiros-ministros britânico e espanhol (que não consta que sejam republicanos) e mesmo do rei e da rainha da Jordânia. Quanto ao que fez comparecer tanta gente, ao objectivo, referiu-se "mostrar união", "homenagiar as vítimas"  ou manifestar "solidariedade às vítimas" dos ataques, "defender a liberdade de imprensa" ou (de modo mais abrangente) "a liberdade de expressão", "demonstrar o seu amor pela liberdade", declarar-se "contra o terrorismo e apoiar a liberdade e a democracia", "condenar" ou "rejeitar" o terrorismo". Claro que se pode defender que tais objectivos não são contraditórios, mas o que é certo é que já houve críticas por alguns dos dirigentes internacionais que se juntaram à marcha não permitirem, nos seus países, uma plena liberdade de expressão.

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