terça-feira, 27 de janeiro de 2015

A matemática é implacável 2

Depois de apresentar o seu governo no parlamento grego, o Siriza terá de gizar e fazer aprovar o seu o seu programa e logo um orçamento que respeite esse programa. Não conheço a lei grega, mas suponho que o orçamento terá de obter a aprovação formal do parlamento. Como o governo é maioritário, esta aprovação não deve ter problema, mesmo que um ou vários deputados discordem de alguns pontos, desde que essa eventual discordância não envolva mais de 11 deputados (se o número de deputados dos dois partidos somados é o que foi anunciado). O busilis está na matemática. Dêem-lhe a volta que derem, a receita e a despesa terão de se equilibrar, sendo a sua diferença, se negativa, de ser financiada por empréstimos ou por dívida.

receita = despesa - défice

Se a despesa aumentar, ou seja, se o estado for menos austero, a receita ou o défice, ou ambos, terão de crescer. Do pouco que sei do programa do Siriza, e embora do programa do seu parceiro de coligação eu não saiba absolutamente nada, vários pontos implicam aumento de despesa e poucos permitem aumento de receitas (que me recorde, apenas a "taxa sobre as grandes propriedades e casas de luxo" e eventualmente o combate à evasão fiscal). Se mesmo em austeridade a Grécia tem tido défices, não parece possível, sem austeridade, preparar um orçamento sem défice. É a matemática. Resta, portanto, saber como conseguirá Tsipras convencer a UE, o BCE ou o FMI ou então investidores particulares a financiar esse défice e a que preço.

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