terça-feira, 25 de novembro de 2014

Medidas de coacção

Muito se tem discutido a detenção de José Sócrates e muito se vai discutir a respectiva prisão preventiva há pouco enunciada. A propósito, já repararam que praticamente todas as pessoas, incluindo jornalistas e comentadores, deixaram de lhe conceder o título de engenheiro? Mas vamos ao que interessa. E o que interessa, quanto a mim, não é saber se Sócrates fica ou não em prisão preventiva, já se sabe que fica. O que interessa também não é saber em que facto se funda esta medida, a mais grave da gama possível de medidas de coacção. O que interessa também não é saber em que estabelecimento prisional vai Sócrates cumprir esta medida. O que verdadeiramente interessa é saber porque foi montado um dispositivo inédito para o anúncio das medidas pela escrivã do tribunal constituído por uma cadeira com aspecto vetusto, aparentemente de estilo do Século XVII, e um púlpito acrílico ultra moderno, possívelmente do Século XXI. Alguém me explica?
O choque de gostos, de estilos e de épocas entre a cadeira e o púlpito é completamente inusitado e tem certamente um propósito oculto. Será que a cadeira representa a tradição, a arrogância, a austeridade (no verdadeiro sentido do que austero e não da política de cortes), enquanto que o púlpito representa a leveza e a tolerância? Mas sendo assim, que significado pode ter o facto de a escrivã não ter chegado a usar a cadeira? Não consigo descortinar o verdadeiro significado desta confrontação de objectos.

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