terça-feira, 4 de novembro de 2014

A escola luxemburguesa

A proibição de falar português na aula de uma escola no Luxemburgo suscitou opiniões desencontradas. Inicialmente não consegui ter uma opinião formada por falta de informação. Depois da avalanche de notícias sobre o assunto, com mais pormenores, incluindo punições por falar português mesmo a crianças em creches, fiquei ainda mais baralhado. Helena Matos deu a sua opinião considerando que é natural que nas aulas das escolas no Luxemburgo a língua luxemburguesa seja obrigatória, tal como nas escolas portuguesas se deve falar português, e não "crioulo, russo, chinês ou ucraniano". O raciocínio parece impecável à primeira vista, mas não me convenceu. A menos que Helena Matos tenha informação que eu desconheço (a sua citação é a mesma que cito acima), não posso concordar, pelo menos do modo simplista como o caso é posto. Concordo absolutamente que se possa exigir que, durante as aulas, a intervenção dos alunos, em perguntas, respostas ou quando se dirigem aos professores, assim como na execução de trabalhos escritos ou orais, seja feita exclusivamente na principal língua oficial do país, neste caso o luxemburguês. Já acho altamente reprovável que seja proibido que dois alunos, seja qual for a sua nacionalidade, falem entre si em português ou em qualquer outra língua (mesmo crioulo, russo, chinês ou ucraniano), principalmente se a conversa não tiver lugar na aula, mas sim no recreio, nos corredores ou mesmo dentro da aula, mas fora dos tempos lectivos. Muito mais condenável me parece a proibição de se falar português fora do recinto da escola, na rua ou em outros locais. Ainda menos compreensível é a extensão desta regra às creches. E a obrigatoriedade de comunicar em luxemburguês ser acompanhada de punições em caso de não ser cumprida parece-me, então, completamente aberrante. Na ausência de mais explicações sobre o âmbito da alegada proibição e das consequências do não cumprimento da regra, não me é possível ter opiniões firmes a condenar ou aceitar a situação.

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