domingo, 29 de junho de 2014

Nova descoberta de Seguro

Seguro prova que tem ideias. Seguro prova que sabe qual é a solução para o País. A solução para o País é a industrialização. Como é que ninguém tinha ainda pensado nisso? Mentira: O próprio Seguro incluiu "um plano de reindustrialização" como a 1.ª medida da série de 80 propostas no seu Contrato de Confiança de 17 de Maio. Pareceu agora a Seguro conveniente relembrar esta descoberta. Comparemos agora com a 3.ª via de António Costa: Este apostava na criação de riqueza. Seguro aposta na industrialização. Ambas as soluções são muito boas. Temos dois bons candidatos a primeiro ministro.

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Símbolos nacionais

Será desrespeito pelos símbolos nacionais baixar o preço de bandeiras nacionais para 0,77 € ainda antes do jogo com o Gana? Acho que sim. Já se fosse depois do jogo seria de considerar uma atenuante. O produto referido, pequenas bandeiras com uma mola para prender na janela do automóvel, foi visto (mas não adquirido) na Lidl. Atenção: Isto não é uma denúncia, é apenas uma opinião.

sábado, 21 de junho de 2014

Maioria de esquerda

No Abelhudo leio uma demonstração cabal de como é disparatada a ideia de António Costa (e não só) de formar uma maioria de esquerda capaz de governar Portugal.

De facto, a maioria de esquerda não é nova e nunca pôde, que me lembre, ser capaz de proporcionar um governo de esquerda baseado nessa maioria, a não ser com o PS isolado. Agora mais do que nunca não vejo como seria um hipotético programa de governo baseado em qualquer combinação ou coligação do PS com qualquer dos outros partidos de esquerda. As incompatibilidades de pensamento e acção são inultrapassáveis. E historicamente, nos países onde se criaram governos baseados nessas maiorias, tipo Frente Popular, os resultados foram desastrosos. Em Portugal, no caso que numericamente mais possibilidades teria de um governo de maioria, PS+PCP, a ortodoxia dos nossos comunistas tornam a coisa ainda mais complicada. Como pode Alberto Martins evocar essa possibilidade ou António Costa pensar nela é coisa que me transcende.

O jornalismo que temos

Nos canais de TV de notícias tornou-se regra inserir pequenas notícias em roda-pé enquanto no ecrã dão as notícias principais. Estas notícias de roda-pé podem ser úteis, embora se torne um pouco dofícil seguir o noticiário principal, dito pelos jornalistas ou com imagens, e ler simultaneamente os roda-pés. Mas quando a notícia principal não interessa, a leitura das pequenas notícias pode ser um modo de não estar a perder tempo à espera simplesmente de ver se a notícia seguinte já é do nosso interesse. O pior é a falta de cuidado com que frequentemente as notícias de roda-pé são redigidas. Excepto os roda-pés das manhãs, que são meras transcripções de títulos de jornais, os restantes veiculam informações frequentemente incompletas e mesmo incompreensíveis, quando não absolutamente desactualizadas. Apenas um exemplo: Hoje, Sábado 21 de Junho li na TVI24: "Multinacionais criam 10000 empregos nos serviços". É muito, é pouco, é bom, é mau? A criação de tantos empregos pelas multinacionais ocorreu em Portugal, na zona euro, na Europa ou no mundo? Ou mesmo no Afeganistão? E estes 10000 empregos foram criados num ano? Que ano? Num trimestre? Que trimestre? Num mês? Que mês? Num dia? Que dia? Claro que é muito diferente se as multinacionais criaram 10000 empregos num ano em todo o mundo, o que seria mau, ou, no limite contrário, num dia em Portugal, o que seria óptimo. Sem a mínima indicação a notícia é pura e simplesmente inútil. Neste caso a redacção é irrepreensível, mas de pouco serve, porque a informação é incompleta.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

A 3.ª via de António Costa

António Costa descobriu e anunciou com ar prazenteiro e muito satisfeito consigo próprio que as medidas do Governo para redução do défice não são aceitáveis pois se reduzem à diminuição da despesa ou ao aumento da receita, quando afinal há uma terceira via. Ao ouvir tais declarações fiqueri espectante e atento para saber qual a descoberta de AC. Afinal a 3.ª via é, por outras palavras, exactamente a que Seguro tem defendido desde pelo menos 2012: a via do crescimento. AC chama-lhe a via de aumento da riqueza, mas é a mesma coisa. Afirmei aqui em 2012 que para se atingirem os défices a que estamos obrigados seriam necessários crescimentos verdadeiramente estratosféricos, completamente fora das possibilidades. E, como Seguro insistiu na asneira, demonstrei-o em 2013 com umas simples contas.

Agora António Costa apresenta a mesmíssima solução (falsa solução) chamando-lhe aumento da riqueza em vez de crescimento [do PIB] como se fosse uma ideia original e inédita. Se é assim que pretende demonstrar as suas diferenças em relação a Seguro, só mostra que não tem memória, andava desatento ou nos quer aldrabar.

Mais uma vez, para continuar a reduzir o défice, conforme estamos obrigados, e que seria necessário mesmo sem qualquer tratado ou memorando, já que a manutenção de défices elevados faz aumentar a dívida e é insustentável a prazo, a via do crescimento ou, o que é o mesmo, do aumento da riqueza, exigiria crescimentos impossíveis.

As contas são semelhantes às que apresentei em 2013. Qual terá de ser o PIB em 2015 para que 2,5% desse valor não seja superior ao défice actual? Ou qual terá de ser o PIB em 2016 para que 0,5% desse valor não seja superior ao défice de 2015? Como diria Guterres: É fazer as contas. Os cálculos são independentes do valor absoluto do PIB. Basta ter em conta os valores do crescimento do PIB e do défice. Dando o valor de 100 para o PIB de 2014 (que, de acordo com as previsões deve corresponder a cerca de 166 mil milhões de euros), e tendo em consideração o crescimento previsto de 1,1%, teremos um valor de 101,1 em 2015. Para não aumentar a receita nem reduzir a despesa do Estado, o valor do défice em 2015, em valor absoluto, não pode ser superior ao de 2014, ou seja 4% do PIB, 4 em valor absoluto. Como o défice só pode ser 2,5% do PIB, o crescimento de 1,1% é insuficiente; só um crescimento de 60% permitirá que 4 seja 2,5% do PIB em 2015. Este é um valor claramente impossível. Vamos agora ver que crescimento será necessário em 2015 para permitir um défice de 0,5% do PIB em 2016, ou seja, que um défice de 4, na mesma escala de PIB 100 em 2014, seja 0,5% do PIB de 2016. A impossibilidade é ainda superior, se é que uma impossibilidade pode ser superior a outra: O crescimento teria de ser de 400%.

Falando agora em euros, o PIB em 2014 de cerca de 166 mil milhões de euros teria de atingir 840 mil milhões de euros em 2016 para que o défice previsto para 2015 de 4200 milhões de euros fosse apenas 0,5% daquele último valor. A terceira via de Costa não é simplesmente viável.

Como não sou economista, admito que o meu raciocínio esteja errado. Muito agradeceria a quem me corrigissse, se for o caso. Se esse quem for António Costa, pedir-lhe-ei perdão. De qualquer modo, sempre gostava de saber qual a ideia dele para aumentar a riqueza.

Argentina não é notícia

A Argentina está perto da bancarrota outra vez. Há 11 anos conseguiu renegociar a dívida com 90% dos credores. Os 10% restantes ganharam agora uma batalha jurídica e exigem o pagamento dos créditos. A Argentina não tem possibilidades de cumorir a sentença. A renegociação da dívida é, como se está a ver, uma coisa magnífica: resolve todos os problemas. Os 74 devem estar satisfeitos. Mas se não fosse a Euronews e O Insurgente, não teria dado pela notícia, pois não consegui ouvir uma palavra nas nossas TVs. Acharam, dentro dos seus critérios jornalísticos, que não tinha qualquer interessa. Ou então não houve tempo para esta notícia, já que está tudo preenchido com notícias, reportagens, comentários e relatos do mundial...

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Hollande indignado com António Costa

Não é só Seguro que está, segundo o próprio admite, indignado por verificar que António Costa, pela sua acção inusitada, precipitada e inconveniente, que talvez mesmo se possa designar como traição, causou graves danos na imagem do PS que se reflectem na acentuada queda nas sondagens. Hollande ainda não se queixou, talvez por não saber a causa da sua queda, não só nas sondagens, mas até nas eleições, mas é fácil ver que na origem da baixa de vontade dos franceses em votar PSF está certamente também o terem conhecimento de que António Costa se preparava, como agora se tornou mais evidente, para desferir golpes profundos na imagem do socialismo internacional.

sábado, 7 de junho de 2014

Tal um, tal outro

A luta no interior do PS agrava-se: Costa aceitou a convocação de umas eleições primárias, mas deixou claro que não concorda com a data e não desiste de exigir um congresso, anunciando que não lhe interessa candidatar-se a primeiro-ministro sem ser secretário-geral do partido. Seguro declara-se indignado com a sondagem publicada pelo Expresso e culpa Costa pela monumental queda do PS, esquecendo-se que já anteriormente houve uma sondagem em que a distância entre o PS e a soma de PSD com CDS/PP era de 0,2 pp e que mesmo nas europeias a diferença foi mínima.

Mas no plano programático ainda não consegui descobrir as diferenças. Citei aqui Seguro por anunciar medidas que não são coerentes com o Tratado Orçamental. Agora, ao ler algumas das declarações programáticas de Costa, nomeadamente que "É preciso romper com a visão de curto prazo, com o ciclo vicioso e precário em que o Governo se bloqueou e bloqueou o país, subindo impostos para aumentar a receita ou cortando salários e pensões para baixar a despesa", anunciando em simultâneo que pretende a sustentabilidade económica, financeira e outras, fiquei com sérias dúvidas de como pensa que poderá atingir essa sustentabilidade sem aumentar a receita nem baixar a despesa.

Tal um, tal outro, portanto.

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Igualdade

Não sou um adepto fervoroso da igualdade, embora reconheça o seu mérito como princípio orientador no sentido de igualdade de oportunidades. Mas há que reconhecer que elevar este princípio a um dogma e exigir a igualdade absoluta obrigaria a tornar os salários dos indivíduos mais qualificados iguais aos dos mais ineptos, por exemplo pagar tanto aos juizes do Tribunal Constitucional como aos varredores de rua das Câmaras (parece que agora são das Juntas de Freguesia, mas dá na mesma). E esta igualdade de remuneração deveria estender-se a outras regalias e obrigações. Mas o princípio está plasmado na Constituição e há que respeitá-lo; é tudo uma questão de interpretação e de critérios. Atente-se, por exemplo, à lógica inatacável do raciocínio que lembra que o TC não se pronunciou nem foi chamado a pronunciar-se quando, em 2009, o Governo de então, resolveu aumentar os funcionários públicos e os pensionistas, mas se o Governo actual quer cortar nos salários dos funcionários ou dos pensionistas já não pode ser por causa do dito princípio. Quer dizer: o princípio só funciona para um lado. Não tem qualquer lógica, como nota João Cortez n'O Insurgente.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Suicídio em directo

Tem sido uma semana alucinante. Tem sido um espectáculo penoso. Desde a declaração de vitória que Seguro apregoou triunfalmente após ter ganho as eleições europeias por magra margem, passando pela recusa em confrontar ideias num comgresso com o seu opositor, até à descoberta de uma solução genial para o diferendo baseada na proposta de um novo método de eleição, não directamente do secretário-geral do partido, mas do candidato a primeiro ministro, tudo mostra um dirigente sem um rumo definido. Se como líder partidário não se lhe conhece um desígnio além de criticar o Governo por todos os pretextos possíveis e de lançar propostas desgarradas, sem um plano de conjunto, como dirigente atacado mostrou uma falta de estratégia coerente. Qualquer que seja o desfecho da luta no interior do PS, Seguro, quer consiga afastar António Costa e continue como secretário-geral, quer seja obrigado a demitir-se ou seja substituído num congresso, não parece que tenha condições para conseguir deixar uma marca no partido.

domingo, 1 de junho de 2014

Coerência

Segundo o dicionário, coerência é a "ligação, nexo ou harmonia entre dois factos ou duas ideias; relação harmónica" e ainda "harmonia de uma coisa com o fim a que se destina" e tabém "propriedade de critério que assegura a não-adopção de decisões baseadas em incertezas e cujas consequências são nitidamente indesejáveis". Basta atentar nestas definições para verificar que não há qualquer coerência entre considerar uma moção de censura "um frete ao Governo" e votar favoravelmente essa moção quando não se pretende defender esse Governo, antes se deseja o contrário. Não há nexo nem harmonia. O truque de afirmar que o que se vota é a censura e não se apoia os considerandos dessa moção é contraditório em si, pois uma censura tem de ter um motivo e por isso, ao apresentar uma moção de censura, é obrigatório fundamentá-la, especificar qual é o motivo da censura. Se o PS não concordava com os motivos alegados, nunca deveria ter votado a favor. Se, apesar de não concordar com as alegações que suportavam a censura, achava que o Governo era digno de censura por outras razões, o que seria coerente era apresentar uma moção própria com os fundamentos que considerava ajustados. Assim ficaria expresso qual o motivo porque o PS censurava o Governo. Se, como Seguro tinha anteriormente afirmado, o PS não apresentava uma moção própria por ser inútil, já que a maioria não permitiria a sua aprovação, não fazia sentido associar-se a uma moção alheia. Para mais, além de ser considerada um frete ao Governo, os pressupostos da moção não só censuravam também o PS e os seus governos como anunciavam claramente princípios políticos que o PS não poderia subscrever sob pena de apoiar um regresso ao PREC. Seria pelo menos indispensável que o PS repudiasse expressamente esses princípios, dentre os quais os mais importantes já transcrevi no meu artigo anterior. Não o fez, o que o torna cúmplice das teses marxistas-leninistas do PCP. Anunciou que apresentaria uma declaração de voto, mas até hoje não tive notícia dela. Se isto é coerência, não sei o que será a incoerência.