terça-feira, 1 de abril de 2014

Será a palavra reestruturação que mete medo?

Tenho ouvido muitas pessoas, entre elas até alguns economistas, que acham que o que está errado no manifesto dos 70 (ou dos 74 ou seja lá de quantos for) é a palvra reestruturação. Dizem que quando se fala em reestruturação, quem ouve pensa logo em perdão da dívida, pelo menos parcial. Claro que a palavra assusta, mas, quer se pretenda uma reestruturação quer se fique por uma negociação, o que se pretende? Claramente, e o manifesto explica-o muito bem, pretende-se um alívio do esforço, seja por extenção dos prazos, isto é, adiamento das maturidades, seja por redução da taxa de juro. Como já aqui citei, Conraria mostrou em pormenor n'A Destreza das Dúvidas que o valor actual de um crédito baixa quer se faça um alargamento dos prazos, quer se consiga uma baixa de juros, do mesmo modo que se obtenha um perdão parcial da dívida. O resultado é sempre o mesmo, como já tinha sido defendido no “Sovereign Debt Restructurings 1950–2010: Literature Survey, Data, and Stylized Facts” do FMI.

Hoje, na SIC, Vítor Bento explicou esta equivalência em pormenor, mostrando claramente que, qualquer que seja o tipo de reestruturação ou de renegociação, os credores perdem parte do valor que tinham contratado, pelo que exigirão sempre um maior prémio para voltar a emprestar ao mesmo devedor. QED.

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