quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Grande coligação

Terá sido por acaso que Passos Coelho utilizou a palavra "coligação" na sua intervenção esta manhã na sessão de abertura do 23.º Congresso das Comunicações? Analisemos o contexto: Passos disse: "Estamos a construir um futuro mais próspero e mais justo, e essa tarefa não pode ficar a meio caminho. É preciso agarrar o futuro com as duas mãos, sabendo que só uma grande coligação entre todos os agentes, entre todos os portugueses será suficientemente duradoura para manter vivo esse espírito reformista de que precisamos hoje." Não se referiu, portanto, a um governo de coligação nem a uma coligação entre partidos, mas sim a "agentes" e "todos os portugueses". Mas é evidente que a palavra "coligação" tem principalmente um sentido político.

A meu ver, trata-se pois de mais um apelo ao PS para que se junte à discussão sobre a reforma do Estado, seja esse apelo com esperanças de resultados, seja no sentido de uma responsabilização do PS se este continuar obstinado em recusar o diálogo.

Ou então, sabendo que todas as sondagens indicam que o PS não terá uma maioria para governar sozinho, é uma indicação de que, se este cenário se confirmar nas próximas eleições legislativas, o PSD está pronto a colaborar na formação do Governo (formar a tal grande coligação, esta no sentido político), desde que possa manter o tal "espírito reformista", isto é, não admitindo que o PS, após formar Governo, faça marcha atrás em todas as medidas reformistas que o actual Governo tem tomado e vai continuar a tomar até essa data.

De qualquer modo, parece-me muito estranho que estas declarações, difundidas na RTP e na SIC-Notícias esta manhã, não tenham sido repetidas (pelo menos que eu tenha visto) nem tenham tido o devido eco nos restantes noticiários até agora (22:15), nem tenham sequer sido objecto de comentários. Seriam assim tão desprovidas de importância? Não me parece.

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