domingo, 27 de outubro de 2013

Quantos são?

Ontem foi dia de manifestações do grupo "Que se lixe a troika". A CGTP anunciou, apenas de véspera, que se juntava às manifestações, o que me levou a pensar que as perspectivas de afluência não eram grandes e que, perante isso, Arménio Carlos decidiu dar uma ajudinha. Ao que parece, a ajudinha não permitiu que o número de participantes se aproximasse sequer dos anteriormente reunidos quer em manifestações quer do "Que se lixe a troika" quer da CGTP. A tendência que se tem vindo a notar de gradual e crescente desinteresse por participação neste tipo de eventos reivindicativos ou de protesto continua a verificar-se. Segundo as notícias, no Porto, os organizadores calcularam o número de participantes em cerca de 2000 ou mais de 2000, conforme as versões, enquanto que a polícia estimou este número em cerca de 1000. Não ouvi estimativas referentes a Lisboa, mas pelas imagens não me pareceu que fossem muito mais, talvez cerca do dobro dos que se reuniram no Porto.

Pois bem, a Euronews deu notícia das manifestações, mas resolveu empolar os números: Segendo este canal europeu, participaram cerca de 20.000 em Lisboa e "pelo menos 5000" no Porto. Embora o número de Lisboa me pareça exagerado, na ausência de outras opiniões, é difícil afirmar que a notícia da Euronews estava errada, mas é fácil ver que o largo em frente da AR, visto que só os primeiros degraus da escadaria estavam disponíveis, só mede cerca de 3180 m2, a que há a somar o troço da Rua de São Bento em direcção ao Rato que tinha manifestantes, estimado em 1060 m2, e o troço da Calçada da Estrela até à confluência com a Avenida D. Carlos I, com cerca de 1670 m2, num total de 5910 m2. Não é possível comportar neste espaço mais de 6000 pessoas, mesmo que estejam muito apertadas. Já no caso do Porto, o exagero da notícia é ainda mais evidente, visto que os próprios organizadores estimaram em menos de metade do número apontado e a polícia em apenas um quinto. Pode não ter sido intencional, mas pelo menos do ponto de vista jornalístico é errado.

Menos grave mas também censurável é o modo como um canal português noticiou ainda os números no Porto: "Participaram mais de 2000 manifestantes, embora a polícia tenha estimado este número em cerca de metade". Redigido assim é dar crédito à versão dos organizadores e duvidar da versão da polícia.

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