terça-feira, 17 de setembro de 2013

Análise Expresso/Exame

No programa da manhã da SIC-Notícias têm por hábito incluir um espaço sobre economia em que chamam um dos colaboradores da revista Exame ou do Expresso para responder a algumas perguntas sobre temas económicos. Normalmente os entrevistados são especialistas em jornalismo de economia e comentam os últimos desenvolvimentos económicos, embora raramente dêem informações novas. Hoje foi entrevistada uma jovem jornalista que expôs as suas opiniões sobre a situação actual da economia nacional. Defendeu que a única saída da situação complicada em que se encontra o País será o perdão parcial da dívida, já que com os juros tão altos e com o crescimento reduzido previsto não há outra solução para evitar que tenhamos "500 anos" de austeridade a pagar dívidas. A jovem jornalista tem direito à sua opinião, mas em termos de "análise Expresso/Exame" tenho sérias dúvidas de que esta proposta seja séria e fundamentada em termos analíticos dos resultados que resultariam de uma tal decisão por parte dos nossos responsáveis pela gestão da dívida. Se os juros da dívida a 10 anos já vão, no mercado secundário, em cerca de 7,2%, mesmo tendo baixado um pouco nos últimos dias, como poderia ser possível a Portugal financiar-se depois de concluído o processo de resgate? Mesmo que consigamos vir a ter umas finanças equilibradas, com défices zero ou perto disso, será sempre necessário durante muitos anos refinanciar os montantes das dívidas que forem vencendo. A que custo conseguiríamos que alguém nos empreste dinheiro para essas operações se os eventuais financiadores verificassem que não conseguimos pagar parte da dívida? O perdão parcial teria consequências desastrosas. Mesmo um segundo resgate, provavelmente necessário se pedíssemos perdão da dívida, exigiria condições mais graves. A história mostra as dificuldades que tiveram ou ainda estão a ter os países que recorreram a este tipo de manobra.

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