quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Jornalistas ao ataque

Parece-me que começa a ultrapassar os limites da decência o modo como os jornalistas cercam e atacam os políticos para lhes arrancar declarações sobre os temas mais quentes da ocasião. Mesmo quando os políticos avisam previamente com delicadeza que não farão declarações, os jornalistas estendem os microfones em riste e disparam as perguntas, se não há logo resposta insistem e insistem, sem respeito e sem contenção. Muitas vezes, em actos oficiais, em visitas a eventos ou em conferências de imprensa, o inquirido avisa que só falará do tema do acto, da visita ou do evento. Tal aviso não impede os jornalistas de fazer perguntas sobre outros temas, e, quando o inquirido lembra que limitara previamente o tema a que responderia, isso não evita a insistência, por vezes formulando a pergunta de modo ligeiramente diferente a ver se passa. Vem-me à memória o desabafo de há dias da filha de Nelson Mandela que cercada de jornalistas e de perguntas perdeu a compustura e chamou-lhes abutres. Esta atitude foi hoje flagrante na visita que o Ministro da Economia fez à Feira do Móvel. Pires de Lima só queria falar sobre o programa Revitalizar e sobre a indústria de móveis, mas os jornalistas queriam saber o que pensava sobre o tema quente do dia, o pedido de demissão do Secretário de Estado do Tesouro na sequência da saga dos swaps. A paciência de Pires de Lima foi infinita, explicando várias vezes que, compreendendo embora o interesse dos jornalistas, só falaria dos temas escolhidos. Na TVI, de volta aos estúdios, o jornalista de serviço comentou: "Nem a ferros se consegue arrancar uma declaração do Ministro da Economia" sobre a situação política do momento (Tirei as aspas a mei da frase porque não fixei as palavras finais, mas fixei o sentido). Esta de "tirar a ferros" é sintomática e revela a violência do ataque dos abutres, perdão, dos jornalistas.

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