terça-feira, 9 de julho de 2013

Não me demito

Muitos rios de tinta e torrentes de bits têm corrido sobre as demissões no Governo e as suas consequências. Discute-se principalmente a questão de a quem cabe a responsabilidade pela crise e ainda mais pela catástrofe que se chegou a temer mas foi evitada. Mas não tenho ouvido nem lido comentários sobre quem e como se evitou que a crise tivesse tido consequências mais graves, nomeadamente ficarmos sem governo e precipitar o País num período de indefinição e inacção política numa altura em que são necessárias acções enérgicas para continuar o processo de resgate. Quanto a mim o momento de inversão foi quando Passos Coelho pronunciou a frase "Não me demito!" Suponho também que coube ao PM fazer com que esta proclamação levasse às conversações que permitiram ultrapassar a crise. Pode ser que o novo Governo, que espero ver empossado dentro de dias, seja como um jarrão chinês quebrado em pedaços e reconstituído com habilidade e boa cola mas que perdeu valor (Marcelo Rebelo de Sousa) ou mesmo que seja um remendo velho em pano velho (Jerónimo), mas se vier a tornar-se realidade permitirá continuar com o processo em curso que pode, se for bem conduzido, levar-nos a recuperar a prazo a nossa soberania financeira. Não sou um admirador incondicional de Passos Coelho, que pode ter tido alguma responsabilidade no mal-estar que se instalou no Governo e que veio a dar origem à crise, mas foi a sua firmeza no momento de maior perigo que permitiu o desenlace que se espera venha a concretizar-se.

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