domingo, 28 de abril de 2013

Alternativa

Terminado o Congresso do PS, confesso que continuo sem saber bem qual é a alternativa que Seguro defende para o "novo rumo" do País. Reconheço que não tive paciência para ouvir na íntegra o discurso do Secretário-Geral nem conheço o conteúdo da sua moção aprovada por 99% dos delegados. Admito portanto que possa estar muito bem definida num destes documentos ou em outros que desconheço uma estratégia bem delineada e explicada. Mas como segui com alguma curiosidade o decorrer do Congresso e procurei informar-me através das principais notícias, a não ser que os jornalistas tenham sido tão incompetentes que tenham omitido o mais importante, isto é, em que consiste concretamente a alternativa à política do actual Governo, qual é o "novo rumo", terei de concluir que só deve conter ideias vagas ou de impossível realização, para além de algumas medidas de pormenor, que não constituem qualquer alternativa. Destas medidas ouvi Seguro anunciar, como se a salvação do País dependesse delas, o aumento do período em que os desempregados terão direito a subsídio (aumento de despesa, portanto) e melhor articulação entre os Centros de Saúde e os Hospitais, com deslocação de médicos e telemedicina!

Vejamos. Sei qual é a alternativa defendida pelo PCP, pelo BE e por Mário Soares, que está cada vez mais próximo do BE: Não pagar! É também o que defendem diversos grupelhos, como o movimento "Que se lixe a troika" e os chamados "indignados". É uma alternativa real, mas as suas consequências seriam de tal modo desastrosas que os defensores desta estratégia conseguem movimentar milhares de manifestantes mas representam, no seu conjunto, uma pequena minoria. Como Seguro tem afirmado com ênfase que respeitará o Memorando de Entendimento que o PS negociou e assinou, não é esta a alternativa a que se refere. Diz, sim, que quer renegociar as condições do resgate. Ora uma negociação depende da vontade das duas partes, e não parece que a UE, o BCE e o FMI estejam com vontade de negociar (Quem viu as expressões dos representantes da troika à saída do palácio do Rato há dias perceberam que não vão mesmo negociar se o PS vier a ser Governo, a não ser, talvez, retoques mínimos que pouco irão mudar). Que resta então a Seguro? Como vai respeitar o memorando, mesmo com algumas modificações menores, sem austeridade? Poderá fazer como o seu modelo Hollande: chamar rigor à austeridade, pensando que, mudando-lhe o nome, o povo se deixa enganar e pensa que é coisa diferente. Em França não está a dar resultado e duvido muito que dê em qualquer parte do mundo. Então que lhe resta? Se não admite, e muito bem, que se mantenham os elevados impostos actuais, mas por outro lado recusa cortes da despesa, que margem tem para mudar alguma coisa que não sejam pormenores sem importância? Parece-me que nada.

Sem comentários: