segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Vazio

Um cidadão trabalhou durante um certo tempo num alto cargo de uma empresa. Esse individuo nunca foi condenado por qualquer acto praticado nesse cargo, nem foi sequer acusado, nem indiciado, nem alvo de investigação, nem sobre ele recai qualquer suspeita de crime ou ilicitude. A empresa em que desempenhou o alto cargo continua a existir e nada consta contra a sua actividade. Esse cidadão é escolhido para desempenhar um alto cargo no Governo devido à sua competência e à sua experiência. Como a tal empresa em que trabalhou detinha a propriedade de um banco que foi posteriormente nacionalizado e em que se descobriram actividades ilícitas, estando o seu principal responsável a responder actualmente perante tribunal por esses actos, e como o cidadão em causa, no âmbito das suas funções, chegou a assinar contas desse banco, tendo pedido a demissão da empresa detentora do capital do banco por discordância com os actos de gestão do banco, tendo já explicado cabalmente há 3 anos, em comissão parlamentar, toda a sua actuação, sem que essa explicação tivesse suscitado qualquer suspeita de ilicitude ou falta de ética, a sua nomeação é considerada um escândalo e enche os noticiários com todas as violentas críticas. Jerónimo de Sousa, a este respeito, chegou a dizer que "em Portugal, o crime compensa". Crime? Qual crime? Se JS sabe ou desconfia que houve crime tem obrigação de denunciar o facto às autoridades, em vez de fazer denúncias em discursos inflamados. Perante o vazio das acusações, é de esperar que a onda passe e tudo se esqueça sem consequências, a não ser mais alguns jornais vendidos e um eventual aumento de audiências nos noticiários.

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