quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Multidões

De O Insurgente:

«Qualquer coisa acima de um já é uma multidão
Filed under: Diversos — Miguel Noronha @ 23:55
Dois já dá direito a notícia

 Se então forem 5 ou mais, merecem então uma extensa reportagem. É o povo.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

A culpa é sempre do Relvas

Eu já sabia que o Relvas tem culpa de tudo o que de mau acontece no País. Mesmo assim estranhei que esta regra se aplique também ao futebol, desporto que nem sei se Relvas joga. Mas os distúrbios que ocorreram hoje no início do jogo Guimarães-Braga foram evidentemente culpa do Relvas. E porquê? Porque, ao que parece, ao abrigo de nova legislação, o Estado deixou de pagar o policiamento nos jogos e, consequentemente, se os clubes querem a presença da polícia para manter a ordem, terão de pagar eles. Ora, segundo um responsável de um clube (presumo que do Guimarães), "Os clubes não têm dinheiro para pagar o policiamento dos jogos" e, se não têm dinheiro, não há polícia e os distúrbios são inevitáveis (mesmo que ocorram em Guimarães - Capital Europeia do Desporto; felizmente que não foi escolhida para Capital Europeia do Desportivismo, e talvez a luta livre que a TV transmitiu seja um desporto digno de uma capital). Segundo Miguel Macedo explicou, esta norma só se aplica aos jogos juvenis e infantis, por se ter admitido, pelos vistos erradamente, que nestes a probabilidade de pancadaria é menor. Como se prova pelo que ficou dito, a culpa é do Relvas, não sei bem porquê, mas é mesmo do Relvas, que merece mais uma serenata ao som do Grândola Vila Morena. Suponho que não perde pela demora.

Acontece que eu, como contribuinte, não estou disposto a pagar o policiamento de jogos de futebol. Por isso a culpa dos distúrbios também poderá ser minha, mas nem me importo que venham cantar à minha porta o Grândola Vila Morena desde que não desafinem tanto como têm feito até agora.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Boa ideia

Para mim, mais importante do que as previsões da UE para o desempenho económico de Portugal em 2013, que são mais negativas no seu conjunto do que as previsões do Governo, é o anúncio do projecto de encerramento dos terminais de contentores no porto de Lisboa e a sua transferência para a Trafaria. É uma óptima ideia, permite devolver extensas áreas da zona ribeirinha para lazer e turismo, aproveita a maior profundidade do leito do Tejo na margem esquerda e torna possível uma ligação ferroviária do futuro terminal da Trafaria ao Poceirão (espero que em bitola europeia ou em bibitola).

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Boas notícias

No meio de tantas confusões e de tantas notícias más, seria de esperar que a comunicação social, por uma vez, se dignasse difundir uma boa notícia para quebrar o desespero que nos assola depois de ouvir qualquer noticiário. Podem dizer alguns que tal não é possível por falta de coisas boas que se possam noticiar. Não é assim: Foi preciso visitar o Quarta República para ficar a saber que em 2012 as contas externas tiveram saldo positivo, ao fim de mais de 20 anos, segundo o Boletim Estatístico do BdP de Fevereiro, ontem divulgado. Uma óptima notícia, mas que não vi ainda apresentada em qualquer órgão de comunicação social. Esperemos que hoje ainda algum se digne quebrar com esta notícia a onda de más novas.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Liberdade de expressão

Apesar de ter ouvido já muitos disparates a ilustres porta-vozes do PS sobre vários assuntos, fiquei espantado ao ouvir Miguel Laranjeiro desculpar os desordeiros, alegadamente estudantes, que impediram o Ministro Relvas de falar na reunião que a TVI promoveu no ISCTE para comemoração dos seus 20 anos e que o insultaram em gritos até que lhes desapareceu da vista. Sei que o PS não morre de amores por Relvas nem pelas suas intervenções, mas uma coisa é o ataque de ideias ou mesmo o ataque pessoal por palavras, declarações, e mesmo manifestações, outra coisa diferente é a arruaça e o impedir que fale num evento para que foi convidado. Felizmente ouvi mais tarde o ex-ministro Augusto Santos Silva condenar este atentado à liberdade de expressão, serenamente e em termos apropriados. No entanto não esqueço que foi Augusto Santos Silva que declarou, quando era ministro, que o que lhe dava mais prazer era "malhar na direita". Talvez se referisse a "malhar" delicadamente, apenas por palavras, sem gritos nem insultos, o que, convenhamos, não é o que nos vem à ideia quando ouvimos a palavra "malhar". Lembremos ainda que quem tentou agredir Assis em Felgueiras foram os próprios membros locais do PS, o que mostra que a cultura de "malhar" é inteiramente da esquerda e nomeadamente de sectores do PS. Os desordeiros do ISCTE não seriam socialistas, talvez, mas o PS nem sempre se demarca como devia destas ocorrências anti-democráticas.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Crescer, abrandar, cair, melhorar, acelerar

Há frequentemente uma grande confusão entre grandezas, variação dessas grandezas e aumento ou diminuição dessa variação. É evidente que os jornalistas que redigem muitas das notícias em que esses conceitos se revelam, nomeadamente sobre temas económicos, não deram ou não estudaram bem os conceitos de função, derivada e segunda derivada. A inflação é, como é bem sabido, uma variação positiva dos preços. Normalmente é definida em percentagem. No entanto por vezes diz-se erradamente que a inflação cresceu x por cento, quando o que seria correcto seria dizer que os preços cresceram esse x e que a inflação foi x. Se a inflação cresce ou diminui, será correcto indicar essa variação de segundo grau por pontos percentuais. Se se disser que a inflação era de, por exemplo, 2% e cresceu 1%, isto não significa que passou a ser de 3%, porque 1% de 2% é 0,02%. Visto que a inflação representa uma variação, pode-se dizer que os preços aceleraram, isto é, crescem mais depressa, mas é corrente dizer que a inflação acelerou, quando ela apenas cresceu. Outros índices estão sujeitos à mesma lógica.

Vejamos dois casos concretos noticiados hoje:

A RTP noticia em título que "Preços na produção industrial abrandaram em janeiro para 1,9%, mas no corpo da notícia "O índice de preços na produção industrial desacelerou em janeiro, em termos homólogos, fixando-se nos 1,9%, um decréscimo de 1,7 pontos percentuais face a dezembro, indicou hoje o Instituto Nacional de Estatística (INE)." "Abrandar" ou "desacelerar" são sinónimos, mas o índice de preços representa uma variação e portanto o que abrandou não foram os preços, mas sim o seu crescimento; os preços continuaram a aumentar, mas mais lentamente, visto que a mesma notícia prossegue: "Em dezembro, o índice de preços na produção industrial situou-se nos 3,6%". Já nos negócios on-line a notícia é dada correctamente, quer no título: "Subida de preços da produção industrial abranda em Janeiro", quer no desenvolvimento: "Preços na produção industrial voltaram a aumentar, em Janeiro, mas a um ritmo menos acentuado do que no mês anterior. A taxa de variação homóloga do índice de preços na produção industrial, que tem como função traduzir a evolução mensal dos preços das transacções nas actividades económicas, fixou-se em 1,9% no passado mês de Janeiro, comparativamente com uma taxa de 3,6% registada no último mês de 2012." Além de descrever melhor a situação, emprega a expressão mais correcta: "taxa de variação homóloga do índice de preços", em vez de, simplesmente, "índice de preços".

O sítio do dinheiro vivo tem também uma divergência entre o título "Queda da actividade económica abranda no último mês do ano" e o corpo da notícia: "A atividade económica registou uma melhoria no último mês do ano. Este foi o resultado mais positivo desde há cinco meses. Apenas em janeiro e fevereiro os resultados foram mais positivos." Ora quando a actividade económica abranda, não se deve falar em melhoria. A actividade económica piorou, não melhorou. Poder-se-á dizer, quando muito, que a queda foi menos grave, mas não que melhorou.




domingo, 17 de fevereiro de 2013

Estimular o crescimento

Claro que o crescimento da economia é uma coisa boa e a recessão é uma coisa má. Daqui a concluir que a austeridade é má porque provoca recessão vai um passo, mas é um passo em falso. Nem tudo o que pode provocar coisas más é mau em si: Há os remédios amargos, para não ir mais longe. Mas cada vez há mais pessoas a pedir medidas que estimulem o crescimento, desde o PS e especialmente o seu secretário-geral, até à extrema esquerda e a muitos independentes de várias cores políticas ou mesmo sem qualquer cor. Só que até hoje não ouvi exemplos concretos dessas medidas. Mas eis que Catarina Martins, co-coordenadora do BE, tem três ideias brilhantes para medidas concretas de estímulo económico: 1) Baixar o IVA da electricidade; 2) Fazer com que a CGD e os bancos recapitalizados por fundos públicos sejam obrigados a facilitar o acesso ao crédito das PMEs com juros limitados por lei; 3) Aumentar o salário mínimo.

É muito positivo que o BE não se limite a dizer que são necessárias medidas e concretize, coisa que o PS foge de fazer, pelo que as medidas preconizadas pelos socialistas não podem ser criticadas. Mas, mesmo por essas razões, o BE arriscou-se a ser contestado, e quanto a mim com razão. Vejamos: Baixar o IVA da electricidade pode ser positivo para indústria e para as famílias e, de facto, estimular a economia e o consumo. Mas, dados os limites orçamentais, esta baixa terá de ser compensada com receitas adicionais ou com mais cortes, coisa que o BE tem criticado duramente. Como se financia então? A dificuldade de financiamento bancário às PMEs é resultado do próprio estado do mercado de crédito. Obrigar por lei a facilitar o crédito às PMEs é uma ingerência inadmissível e que pode levar a riscos acrescidos da banca. Como se pode compensar estes riscos e as imparidades que poderão resultar? Quanto ao aumento do salário mínimo, a sugestão não é nova e nas circunstâncias actuais terá como consequência provável um aumento das dificuldades de muitas empresas e até de falências. Além disso, como é bem sabido, o aumento do salário mínimo faz crescer o desemprego, especialmente dos menos preparados e dos jovens. Seria conveniente que o BE explicasse como resolve estas consequências das suas medidas.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Guerra de agências?

Foi só um pequeno roda-pé de 5 palavras, mas para mim caiu como uma bomba, mais forte que o meteorito que caiu ontem na Rússia: "Moody's corta rating da S&P". Eu estava longe de saber que as agências de notação financeira se avaliavam umas às outras. Só posso dizer que é bem feito: A S&P terá de provar o próprio veneno. Será que vamos agora assistir ao corte de rating da Moody's pela S&P?

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Reguadas

Na SIC, numa reportagem sobre educação passada hoje no noticiário das 20 h, alguém afirma (Se não me falha a memória, foi mesmo a voz off do jornalista, mas não quero afirmar o que não tenho a certeza): "As reguadas nos alunos faziam parte do dia-a-dia antes do 25 de Abril". Na mesma onda, um entrevistado diz que "os nossos pais até eram capazes de incentivar os professores a castigarem os filhos." Outro entrevistado é de opinião que, nessa época longínqua, "aprender era privilégio de poucos".

"Antes do 25 de Abril" é uma localização no tempo bastante vaga. Tanto foi "antes do 25 de Abril" o 24 de Abril, como também todo o período do Estado Novo e o anterior. Portanto não se pode dizer que a afirmação sobre as reguadas não seja verdade, mas convém esclarecer que há muito que os castigos corporais eram formalmente proibidos em Portugal. Em 1946, frequentava eu a 1.ª classe, numa escola de Lisboa, levei uma reguada por ter feito um erro no ditado. Era a norma da professora e não sei se de toda a escola, que tinha em 4 turmas as 4 classes do ensino primário. A minha mãe era professora primária (mas leccionava fora de Lisboa, por isso não era, nessa altura, a minha professora) e sabia muito bem que os castigos corporais eram proibidos, pelo que os meus pais foram à escola protestar formalmente. Nunca mais tive qualquer castigo. Os meus filhos mais velhos frequentaram a antiga instrução primária antes do 25 de Abril e nenhum deles levou reguadas ou outro castigo. Portanto, se se entender "antes do 25 de Abril" como um período prolongado que acabou em 1974, a afirmação sobre o dia-a-dia na escola incluir reguadas não é verdadeira. Haveria professores que utilizavam essa "estratégia pedagógica", mas não só era ilegal como não era habitual. Já o facto de alguns pais pedirem aos professores para castigares os filhos ("A senhora professora chegue-lhe!", diziam com alguma frequência à minha mãe.) é real.

A última afirmação sobre a aprendizagem ser um privilégio de poucos também não corresponde ao que me lembro. Não foi preciso esperar pelo 25 de Abril para o ensino ser obrigatório, embora só até à 4.ª classe (e anteriormente até à 3.ª). A frequência do secundário, quer nos liceus quer nos cursos industriais e comerciais era muito menor do que é hoje, mas não era apenas para gente rica privilegiada.

Os mitos sobre o ante-25 de Abril são numerosos e a generalização leva a ideias erradas. Não se tome isto como uma defesa do Estado Novo ou de Salazar, mas uma tentativa de repor a verdade sobre estas aspectos particulares.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Feliz povo

Feliz povo o nosso: Não temos problemas importantes. Para nos entretermos temos de discutir questões menores que não interessam a quase ninguém, como o caso do Secretário de Estado que tem o pecado original de ter estado ligado à SLN e que começou a trabalhar aos 16 anos numa empresa que ainda não existia, o outro que foi nomeado para Director-Geral um dia antes de ir para Secretário de Estado, o caso do novo TGV que afinal não é TGV nem é novo e que será em bitola ibérica ou na europeia ou então será bi-bitola, o caso do banqueiro que ofendeu os sem-abrigo ou não ofendeu e que diz que o povo aguenta ou não aguenta, o caso dos candidatos a presidentes de câmaras que podem ou não podem candidatar-se por causa de uma lei que pode ou não pode impedi-los, e outros casos escaldantes que só interessam a quem gosta de escândalos e polémicas menores ou que podem fazer aumentar a tiragem de jornais e as audiências de canais, para não falar nos importantíssimos casos do Sporting e da selecção. Se houvesse crise, se houvesse cortes nos salários e nas pensões, se os impostos subissem a níveis dolorosos, se a dívida pública aumentasse em vez de diminuir, se a despesa em juros da dívida fosse quase incomportável, se cada vez mais famílias tivessem dificuldade em pagar as prestações da casa, haveria razões para nos preocuparmos. Mas pelos vistos o que mais interessa é o caso do Franquelim, o do outro de que não recordo o nome, o do TGV, o do Ulrich, e todos os outros que servem de arma de arremesso e de pretexto para pedir demissões no Governo, como se nada de verdadeiramente importante se passasse.

P.S.: E quase esquecia o caso do GNR que terá alegadamente dado um pontapé a um suíno.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

É assim mesmo

Do blog Forte Apache:

«Como destruir Ana Drago em 3 passos
por Alexandre Poço
1 - "Não lhe reconheço a si nem a ninguém o monopólio da sensibilidade social ou da propriedade da verdade. Isso revela da sua parte um espirito da Inquisição em que as pessoas eram condenadas por crime de opinião. E portanto eu vou continuar a usufruir da liberdade de que beneficio e a sra. Deputada também."

2 - "E não sei porque se emociona tanto com a minha remuneração e não com a de um treinador do Benfica que ganha não sei quantas vezes mais do que eu? Se calhar porque isso afectaria os seus votos. Mas eu, como não sou de nenhum partido, sou um alvo fácil."

3 - "Ao contrário da senhora deputada, eu tenho alguma experiência na criação de postos de trabalho. Não pense que é só com medidas macro económicas que vamos conseguir reduzir o desemprego. Não são só as PME que vão reduzir desemprego. Para criar emprego não é preciso ter só dinheiro: é preciso ter organização e capacidade para criar projectos para as pessoas. E o BPI tem essa capacidade. Tal como a PT, ou a Zon ou tantas outras grandes empresas."

Fernando Ulrich, Presidente do BPI na Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, dia 5 de Fevereiro de 2013.»

A confusão continua a alta velocidade

Ainda do blog O Princípio da Incerteza:

«A situação ainda é um pouco confusa, mas parece que a maior parte das notícias vindas a público sobre o novo projecto de comboio em alta velocidade continham erros espectaculares, por má interpretação das palavras do Ministro Vítor Gaspar ou por especulações infundadas. No blog Blasfémias apresenta-se uma boa panorâmica dos disparates que se disseram a propósito. O post de jcd e as últimas notícias parecem indicar que o projecto reformulado não partirá para já de Lisboa, mas sim de Sines, que se destinará fundamentalmente a mercadorias, que será em bitola europeia. Falta saber a velocidade pretendida.»

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Confusão a alta velocidade

Do blog O Princípio da Incerteza:

«Que se passa com a alta velocidade? É TGV equivalente a "combóio de alta velocidade", como a tradução de "train de grande vitesse" faz crer? Ou quando se fala simplesmente em "alta velocidade", pode não ser tão rápido como o TGV francês? Qual o significado das notícias de hoje sobre as novas decisões do Governo sobre esta matéria? Trata-se de uma reviravolta em que o Governo, pela voz de Vítor Gaspar, muda inesperadamente de posição (e de via) e, pouco dxepois de ter anunciado a renúncia definitiva à construção da ligação Lisboa-Madrid em TGV volta ao projecto e já quer o que há pouco não queria, como insinua, no seu modo de noticiar, a TVI24? Segundo umas notícias, "O Governo já negociou com Bruxelas o financiamento para a linha de alta velocidade entre Lisboa e Madrid, informou o ministro das Finanças à TVI. A linha em bitola europeia, que servirá para passageiros e mercadorias, deverá avançar entre 2014 e 2020 e contará com uma comparticipação comunitária de 85% e não de 25%, como estava previsto em anteriores projetos." Mas outras referem que a nova linha avançará em bitola ibérica, com um "intercambiador na fronteira do Caia para que os comboios adaptem os eixos dos seus rodados aos dois tipos de bitola" e que estará "agora refocalizado nas mercadorias". Mas afinal parece que "O ministério da Economia desmentiu as informações que davam conta de uma iniciativa do governo de retomar o projecto de alta velocidade." As declarações do Ministro das Finanças à TVI não explicam, pois centram-se no aspecto financeiro. Recorda que o troço Poceirão-Caia do TGV foi cancelado e diz que "Como é de conhecimento público, a reformulação do anterior projeto Lisboa-Madrid - refocalizando-o nas mercadorias e reduzindo significativamente a despesa envolvida - foi negociada com Bruxelas". Afinal esta nova reformulação já era do conhecimento público? O projecto reformulado é ainda entre Lisboa e Madrid? O Ministro da Economia não sabia? A bitola será ibérica ou europeia? A refocalização ou reformulação ou o que se queira chamar comtempla apenas mercadorias ou também se destina a passageiros? A sustentabilidade financeira está agora assegurada? São muitas dúvidas.»

Note-se que Vítor Gaspar não assegura que o projecto reformulado ainda se refira ao trajecto Lisboa-Madrid. Apenas diz que "o Governo conseguiu salvaguardar o financiamento comunitário do projeto Lisboa-Madrid" sem dizer para que novos moldes, a não ser no aspecto financeiro. Também não diz qual será a bitola. Não fala em TGV, nem sequer em "alta velocidade". As notícias resultantes destas declarações parecem assim muito especulativas.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Vazio

Um cidadão trabalhou durante um certo tempo num alto cargo de uma empresa. Esse individuo nunca foi condenado por qualquer acto praticado nesse cargo, nem foi sequer acusado, nem indiciado, nem alvo de investigação, nem sobre ele recai qualquer suspeita de crime ou ilicitude. A empresa em que desempenhou o alto cargo continua a existir e nada consta contra a sua actividade. Esse cidadão é escolhido para desempenhar um alto cargo no Governo devido à sua competência e à sua experiência. Como a tal empresa em que trabalhou detinha a propriedade de um banco que foi posteriormente nacionalizado e em que se descobriram actividades ilícitas, estando o seu principal responsável a responder actualmente perante tribunal por esses actos, e como o cidadão em causa, no âmbito das suas funções, chegou a assinar contas desse banco, tendo pedido a demissão da empresa detentora do capital do banco por discordância com os actos de gestão do banco, tendo já explicado cabalmente há 3 anos, em comissão parlamentar, toda a sua actuação, sem que essa explicação tivesse suscitado qualquer suspeita de ilicitude ou falta de ética, a sua nomeação é considerada um escândalo e enche os noticiários com todas as violentas críticas. Jerónimo de Sousa, a este respeito, chegou a dizer que "em Portugal, o crime compensa". Crime? Qual crime? Se JS sabe ou desconfia que houve crime tem obrigação de denunciar o facto às autoridades, em vez de fazer denúncias em discursos inflamados. Perante o vazio das acusações, é de esperar que a onda passe e tudo se esqueça sem consequências, a não ser mais alguns jornais vendidos e um eventual aumento de audiências nos noticiários.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Remodelações

Só houve uma remodelação real, aliás uma mini-remodelação apenas ao nível dos secretários de Estado, mas existe uma outra remodelação virtual, aquela que desde há meses numerosos políticos, comentadores e cidadãos vem desejando, reclamando, exigindo ou prevendo. A diferença entre as duas, a real e a virtual é enorme. O Primeiro Ministro soube resistir aos desejos, reclamações, exigências e previsões. O Governo já foi declarado moribundo, morto, não existente e, mais recentemente, destroçado. A crise na coligação já foi declarada várias vezes com a inevitável queda do Governo, tendo sido dados prazos para esse evento, que já todos foram esgotados. Já se pediu as cabeças de ministros. O ministro Relvas foi alvo de uma violenta e longa campanha para a sua destituição. A sua presença no Governo tem sido considerada inadmissível, fatal para a estabilidade governativa, inconveniente para o Estado. O ministro Álvaro Santos Pereira foi considerado inexistente, inútil, inoperativo. A ministra Cristas também tem sido vítima de prognósticos de remodelável. A remodelação profunda do Governo, com a saída destes ministros e de alguns outros, já ultrapassou todos os prazos vaticinados (excepto os de Marques Mendes, que aponta para depois das autárquicas) e continua sem data apontada. No entanto nada disto aconteceu e a remodelação real foi anunciada de surpresa, tendo os adivinhos de serviço falhado redondamente na sua previsão. Agora só resta aos críticos do costume apontarem os defeitos dos novos governantes, para o que não perderam tempo.