terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Amostragens

A comunicação social, e designadamente as TVs, tem por hábito ilustrar as suas teses sobre a crise, os cortes, as dificuldades, as opiniões sobre tudo isto e as acções dos governantes com perguntas feitas, alegadamente ao acaso, a passantes nas ruas, clientes de grandes superfícies e principalmente participantes em manifestações. Estes últimos, como a frequência de manifestações tem sido enorme, têm sido os mais entrevistados e os mais críticos. Na noite da passagem do ano também houve entrevistas a muitas pessoas que participavam em vários eventos acerca das expectativas para o ano que agora se iniciou. Notei uma grande diferença entre a opinião média dos entrevistados ao acaso nas ruas e em manifestações e a dos que participavam ou assistiam a esses ritos de passagem de 2012 para 2013. Enquanto que para os primeiros a situação do País é catastrófica, insuportável e condenável, sobretudo por culpa do Governo, para os segundos o ano novo pode até ser pior que o velho, mas apresentam-se cheios de coragem e de esperanças. Há nitidamente uma enorme diferença de amostragem das populações das duas situações. Atrevo-me a pensar que a amostragem das festas de passagem do ano, apesar de todos os que ficam em casa, é mais próxima da generalidade da população do País do que a amostragem dos manifestantes, onde só participam os que querem protestar.

Era bom que, tal como o Natal, a passagem do ano também fosse quando um homem quiser (e também uma mulher, para não me acusarem de discriminação). Estaríamos todos permanentemente mais optimistas e tudo correria pelo melhor.

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