quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Ainda o fantasma do TGV

Na minha ingenuidade, pensava que, após a queda aparatosa de Sócrates, se calariam ou só falariam baixinho os defensores de provados disparates como a construção do TGV. Afinal enganei-me. Vem agora o antigo ministro António Mendonça afirmar que, por causa da anulação do projecto, "julga" que Portugal perdeu "muitas centenas de milhões de euros", perda que "deverá rondar os 1.800 milhões de euros perdidos" em fundos comunitários, e que não se criaram os "40 a 50 mil empregos relacionados com a execução dos projectos". Já não é ocasião de se "julgar" isto ou aquilo. Neste momento deveriam já ser evidentes e públicas as consequências das decisões sobre a construção ou a anulação do projecto do TGV. Sabe-se que os fundos comunitários não bastariam para financiar o projecto. De onde viria o restante? A que custo? como se pagaria o financiamento? Quanto aos postos de trabalho, a execução do projecto é uma fase transitória. Quantos empregos restariam na fase de exploração? Que custo teria essa exploração e a manutenção e quais as receitas espectáveis. Deve ser possível hoje ter uma ideia mais realista do número de viagens que seria possível vender (esquecendo a vinda em massa de madrilenos para irem à praia em Lisboa). Eu não sei a resposta a estas questões, mas certamente há quem as tenha e devem ter pesado na decisão de suspender o empreendimento. Pelos vistos António Mendonça não as sabe, e continua com as convicções que tinha quando era ministro.

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