domingo, 4 de novembro de 2012

Ainda há classe média?

Uma das acusações mais frequentes que é feita à actual política do Governo é de que está a destruir a classe média. Está realmente a classe média a desaparecer? Todos os componentes da classe média estão a ser integrados nos pobres? Não acredito. Está a ser, sem dúvida, a classe mais sacrificada, já que os realmente pobres são em parte poupados ao aumento de impostos, aos cortes nos salários, ao congelamento das pensões e, excepto nos casos de desemprego, são menos sacrificados, e os ricos, embora com grandes perdas nos seus activos e por vezes nos seus rendimentos, pela progressividade dos impostos, pelos maiores cortes em salários altos, pela depreciação do património (incluindo participações sociais), pelas falências, têm em geral melhores condições de aguentar estas perdas ficando ainda em condições confortáveis. A classe média, entalada entre estes dois extremos tem, também pela sua dimensão, a maior quota de sacrifícios e não possui as almofadas que lhe permitam manter um mínimo de conforto.

No entanto há diariamente alguns factos que me fazem duvidar que o grosso da classe média esteja assim tão sacrificada. Ainda ontem 4 notícias me fizeram pensar no assunto: O concerto de Tony Carreira teve lotação esgotada. Um empresário que faz tatuagens não tem mãos a medir. Um grupo de caçadores preparava-se para uma batida a javalis. Em Bragança prepara-se uma feira de caça, pesca e castanha. Será que quem frequenta estes eventos em grande número são apenas pobres ou ricos, já que a classe média está a ser destruída?

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