sexta-feira, 24 de agosto de 2012

RTP

A comunicação social vive de polémicas, quanto mais melhor. Hoje, e eventualmente nos próximos dias, até o tema enjoar, trata-se da questão do futuro da RTP, privatização, concessão ou outra coisa. A entrevista de António Borges à TVI veio abrir as hostilidades. A esquerda ficou extremamente nervosa. A direita parece um pouco envergonhada e não tomou ainda posição sobre o fundo do problema, referindo-se apenas à forma. Uma das questões (de forma) mais debatidas é a do facto, que afinal não é um facto, de o "anúncio" da solução adoptada pelo Governo ter sido feito por António Borges na referida entrevista. Ninguém mais se lembrou, ou fingiu não se lembrar, que antes da entrevista já o Sol tinha publicado essa solução e que António Borges se limitou a confirmar, em resposta a uma pergunta de Judite de Sousa, que era uma das hipóteses a considerar, não escondendo contudo que essa hipótese lhe agradava. Uma das cabeças da futura coordenação bicéfala do BE chegou a dizer que o anúncio da posição do Governo tinha sido feito por "um funcionário qualquer", esquecendo que António Borges não é "funcionário", mas sim consultor, e não é, evidentemente, um "qualquer" no sentido depreciativo que a futura participante na liderança bicéfala lhe deu (e esquecendo ou ignorando que não se trata ainda de um anúncio de uma decisão do Governo, mas sim da confirmação de que a solução já publicada na imprensa é realmente uma hipótese).

Quanto ao fundo, pode ser verdade que, como vários já afirmaram, que na UE todos os membros tenham um canal de TV público gerido pelo respectivo governo. Só tenho conhecimento que é o caso da Espanha, Itália, França e Reino Unido, mas acredito que talvez o mesmo se possa passar nos outros membros. Pode ser até que no mundo a maioria dos países tenha canais de TV públicos, não sei, mas aceito essa possibilidade. No entanto nos Estados Unidos não existe tal e não consta que se sinta a sua falta. Para dizer a verdade, não sei bem de que consta o tal serviço público da RTP, para além da transmissão dos tempos de antena que pouca gente suporta ver. Não me pesa muito a contribuição audiovisual, e portanto não me importo de a pagar, mas não sei o que recebo em troca. A RTP é aparentemente uma televisão como as outras. Tem menos publicidade? Pode ser, mas mal se dá pela diferença. Por isso, se for privatizada ou concessionada, penso que o País nada perderá por esse motivo. Mas, admitindo que o serviço público é importante, estou com o Prof. João Duque, quando diz que o importante é defini-lo com clareza e obrigar o concessionário a respeitá-lo. Quanto à RTP2, tenho pena do seu eventual encerramento, mas, sem conhecer os dados concretos quanto a custos e sustentabilidade, sei que as audiências são muito baixas, pelo que admito que os poucos espectadores que gostam dos seus conteúdos, como eu, tenham de aceitar o seu fim.

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