terça-feira, 24 de julho de 2012

Mensagens subliminares

As notícias não têm apenas por função informar. Procuram também influenciar o leitor ou tele-espectador num determinado sentido, conforme a tendência ideológica do jornalista. A frase proferida ontem por Passos Coelho no jantar com os deputados do PSD "Que se lixem as eleições; o que interessa é Portugal!" deu muito que falar. Houve quem a louvasse e houve quem a criticasse. Mas houve também um jornalista que resolveu insinuar que Passos quer aparecer aos olhos dos portugueses como um D. Sebastião e, em vez de se limitar a noticiar o acontecimento, resolveu afirmar: "O líder do PSD assume o papel de salvador da Pátria!". Não é tal, senhor jornalista: Não "assume o papel", não se quer apresentar como um D. Sebastião; apenas cumpre o que se espera dele. Afinal não será obrigação de um Primeiro Ministro fazer o possível para salvar a Pátria quando esta está em perigo? E não está Portugal em perigo?

A este propósito não posso deixar de rir da crítica mais descabelada: Arménio Carlos afirmou que o PM "está a lixar-se para os portugueses". O SG da CGTP não conhece bem o calão português. "Estar a lixar-se" não é nada. Quando muito seria "Está a marimbar-se", "Está a borrifar-se" ou versões mais vernáculas, mas "lixar-se para" não consta da nossa linguagem popular (*). Por outro lado, a acusação é injusta: Para qualquer democrata patriota o destino de Portugal tem prioridade sobre o resultado de qualquer eleição, embora muitos políticos se interessem mais por ganhar as eleições do que contribuir para o bem do País, mas isso é outra coisa.

 (*) Ver, por exemplo, "Dicionário de calão" de Eduardo Nobre, Círculo de Leitores:
lixar(-se): "prejudicar(-se); "borrifar-se: não se importar; desprezar.

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