terça-feira, 31 de janeiro de 2012

É o mercado secundário, estúpido!

É talvez exagero chamar estúpido a alguém por não distinguir entre a colocação de títulos de dívida no mercado e as transacções no mercado secundário, mas pode-se com certeza chamar ignorante. Mas é o que acontece com grande frequência nos nossos meios de comunicação. Ainda hoje, na TV (não reparei em que canal) ouvi por duas vezes dizer que, em virtude do aumento das taxas das obrigações a 10 anos, Portugal ia pagar mais pelos empréstimos. Ora isto não é verdade, a não ser pela influência que as taxas no mercado secundário podem vir a ter sobre os investidores no mercado primário. Mesmo assim é preciso ter em conta que Portugal só recorrerá ao mercado primário a longo prazo lá para o fim de 2013 ou, como muitos defendem, mais tarde ainda. Portanto Portugal pagará exactamente o mesmo, que é a taxa fixada nos cupões quando da emissão dos títulos. O facto de os títulos de dívida terem mudado de mãos e os vendedores só as terem conseguido vender a preços inferiores ao valor nominal não força Portugal a pagar mais nem nos juros nem no vencimento. As taxas estão mais alta porque são calculadas em função do valor real do título transaccionado, mas o montante a pagar pelos juros é o mesmo, só a taxa em percentagem do juro em relação ao valor da transacção é que subiu. Alguém devia explicar isto aos senhores jornalistas.

1 comentário:

Semisovereign People at Large disse...

é dar-lhes uns quantos títulos para 2021 e depois dizer-lhes para os tentarem vender

também funciona com obrigações da CGD ou do Montepio ou outras baseadas em dívida pública europeia
que acabam em 2015...já faltou mais
2013...é já pró ano
outubro de 2012...só faltam 9 meses
2017...2018...e 2019...é que ficam longe
mas de qualquer modo a 100 mil que vão fazer tijolo ao ano
2019 fica a 700 mil finados de distância

93% a favor de os receber
e 7% contra
é preciso ser optimista