sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Buracos, em cima da mesa, disparou, chumbar

A comunicação social também é dada a modas. Há certas palavras que começam a ser sistematicamente usadas e todos os jornais e canais de televisão as adoptam como se não houvesse outras maneiras de dizer as coisas. O verbo "chumbar", que quando eu era jovem era considerado calão comum entre os estudantes mas impróprio de ser usado num título de jornal, é agora sempre adoptado para dizer não só "reprovar", mas também "votar contra" ou "não aprovar", seja uma proposta, uma lei ou uma ideia. Quando um valor ou um parâmetro sobe um pouco mais do que o habitual, logo se diz de "disparou". Por vezes o disparo é de pouco alcance, logo seguido de uma "queda". É assim com os preços de acções na bolsa e com os juros dos empréstimos. Os assuntos a tratar ou as questões discutidas numa reunião "estão em cima da mesa", mesmo quando não há qualquer mesa entre as partes. Mais modernamente convencionou-se chamar "buracos" a quaisquer verbas que venham alterar um valor ou uma previsão. São os buracos da execução orçamental, os buracos da Madeira (Serão causados por carunchos, bichos antipáticos que deixam a madeira esduracada?), os buracos nas contas mais variadas. Seria tão bom se os senhores jornalistas fugissem dos chavões e diversificassem um pouco os termos usados.

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