sábado, 29 de outubro de 2011

Mudança da hora

O blog astro.pt lembra que esta madrugada mudamos para a hora de Inverno. Ainda se discutem as vantagens e os inconvenientes desta mudança e da que tem lugar em Março para voltar à hora de Verão - conforme os casos, desfasagem do relógio biológico, crianças que são obrigadas a ir para a escola ainda com pouca luz, trabalhadores que chegam a casa já noite cerrada, poupança de energia, etc. - mas para mim o caso é outro.
A mudança de hora irrita-me muito, quer a de Março quer a de Outubro, não por dormir menos ou dormir mais nem por anoitecer cedo ou ter de me levantar antes do nascer do Sol, mas simplesmente porque hoje em dia na minha casa, como em qualquer casa moderna, existem muitos relógios que têm de ser acertados à mão. Só os computadores e a ZON Box acertam a hora automaticamente. Além destes tenho os relógios de pulso (meu e da minha mulher), dos telemóveis, das mesas de cabeceira, do telefone, do gravador de DVDs, dos ares condicionados, do fogão, do carro e ainda vários relógios de parede. Para poupar trabalho há alguns (carro, ares condicionados e fogão) que deixo sempre na hora de Verão, o que me poupa trabalho, mas pode dar origem a confusões. Com isto tudo vou necessitar amanhã de manhã muito tempo e muita paciência a acertar relógios. Será que mais ninguém se queixa do mesmo?

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Akordu ortugráfico

Nunca gostei do chamado acordo ortográfico e recuso-me a adoptá-lo, mesmo nos casos em que sei as regras. Infelizmente não posso impedir que ensinem os meus netos por essas novas regras. Algumas são só irritantes, outras são completamente destituídas de lógica.

Leio agora com satisfação os comentários de Helena Araújo no blog 2 Dedos de Conversa sobre esta questão.
Também com satisfação saboreei a sugestão de passar a escrever exactamente como se lê, dando a cada letra um único som e atribuindo a cada som uma única letra. Já há muito que a ideia me ocorreu, mas nunca a desenvolvi. Chamei-lhe "ortografia fonética". Vejam o exemplo da própria Helena Araújo:

«à atensão dos purtugezes rezidentes em Berlim
Carus amigus,

escrevu-vus segundu as minhas próprias regras de nova urtugrafia. Bem sei que anda pur aí um acordo, mas eu axo que ele peca por defeito. Se é para simplificar, vamos até ao fim. Até às últimas consecuênsias.
Por ezemplo: acabar com o ç - o que soa ç escreve-se com s, e o que soa z escreve-se com z.

Para us mais acumudados, contudu, organizaram uma sesão de esclaresimento no prósimo fim-de-semana. Um "tudo o que sempre quis saber sobre o acordu ortugráfico e não teve curajem de perguntar".»

Porque não?

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Uma coisa que funcionou bem

É com satisfação que constatamos que há alguma coisa que funciona bem para além das nossas expectativas. Não resisto por isso a descrever o modo como foi dado seguimento por entidades públicas a um pedido meu. O assunto pode não ter muita importância, mas é um bom exemplo.
Em frente da porta do prédio onde vivo há anos há um pequeno triângulo ajardinado com alguma erva, a que os serviços camarários chamam pomposamente de “relva rústica” - sem dúvida muito rústica – e com algumas árvores. Logo diante da porta do prédio está uma árvore que foi plantada há alguns anos para substituir outra que foi retirada por ameaçar queda e que serviu de brinquedo aos meus filhos quando eram pequenos. A árvore actual não tem o porte da outra e a relva que a circunda está pouco cuidada e suja, mas é um espaço verde que torna a vista agradável. Foi pois com preocupação que vi há coisa de um ano que as folhas da árvore se enchiam de manchas brancas e murchavam e caiam rapidamente, tirando-lhe completamente o vigor e a beleza. Resolvi enviar uma mensagem de correio electrónico ao vogal do ambiente da Junta de Freguesia com uma fotografia de algumas folhas da árvore atacadas. Algum tempo depois, ao chegar a casa, vi um pequeno veículo da Câmara Municipal com a menção “Espaços Verdes” e duas técnicas que observavam as árvores com atenção. À minha pergunta, confirmaram que vinham por causa da minha reclamação e prometeram dar seguimento ao assunto.



Recebi agora uma carta do Presidente da Junta de Freguesia com o seguinte teor:
«Assunto: Árvore. Em seguimento da reclamação sobre o assunto em título, somos a informar V. Exa. o teor do despacho proferido pela Câmara Municipal de Lisboa – Direcção Municipal do Ambiente Urbano, o qual passamos a transcrever: “(…) Encarrega-me o Sr. Chefe de Divisão de Manutenção dos Espaços Verdes, na sequência da reclamação apresentada, a qual mereceu a melhor atenção, de informar que a árvore em causa encontra-se atacada por um fungo causador de oídio nas folhas, responsável pela queda precoce da folhagem. O tratamento contra o oídio, nesta altura do ano, é pouco eficaz, pelo que será efectuado tratamento aos primeiros sintomas de ataque à nova folhagem, no início da próxima Primavera(…)”».
Há pois coisas que funcionam bem. Esperemos pela Primavera.

domingo, 23 de outubro de 2011

Desonestidade ou incompetência

Importante ler.

Extrema-direita revisitada

Afinal, não é só Vasco Lourenço que vê a extrema-direita em acção: os indignados que se reunem frente às Assembleia da República também. E não é uma extrema-direita qualquer: está já organizada em milícias. Só que em vez de atacarem a sede da democracia burguesa, atacam os activistas que se manifestam contra a mesma Assembleia!

A extrema-direita está no poder!

Segundo o "capitão de Abril" Vasco Lourenço, os soldados, revoltados com o tratamento que o actual Governo lhes reserva, têm de fazer valer os seus direitos, mas não há perigo de que façam uma nova revolução, porque a revolução já está a acontecer, mas não é a dos soldados, é a da direita e extrema-direita, numa espécie de novo PREC de direita. Ouve-se e fica-se a pensar como chegaram indivíduos com uma capacidade de raciocínio tão primária e ter responsabilidades importantes na condução do País... Onde vê Vasco Lourenço a extrema direita? Há milícias de camisas negras ou de outra cor nas ruas? Estamos a prender os comunistas e os socialistas? Alguém deitou fogo ao parlamento? E pensar que Vasco Lourenço era dos "moderados"...

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Patrão falido

Ouvi agora uma frase lapidar de Mira Amaral que deveria ser motivo de meditação profunda das pessoas que falam em equidade: "A função pública tem de perceber que o seu patrão está falido." De facto, talvez não completamente falido, mas sem dúvida em grande risco de falência e a beneficiar de um processo de recuperação e de protecção dos credores. Assim, por uma questão de equidade, a situação destes trabalhadores deve ser comparada à dos de empresas falidas ou em processo de falência e não à dos trabalhadores em geral.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

SCUTS

Não resisto a transcrever o postal de Tavares Moreira sobre o fim das SCUTs e a indignação do Eng.º Cravinho.

«Grande ideólogo das SCUT's também está indignado...Stupete, gentes!
1.O Eng.º João Cravinho, grande ideólogo e impulsionador desse extraordinário modelo de financiamento/construção/exploração de AE sem custos para o utilizador (SCUT's) – só possível no pressuposto heróico de que nenhum contribuinte as iria utilizar – veio também manifestar agora a sua indignação contra a odiosa proposta de OE/2012...
2....E fá-lo sem papas na língua, afirmando, tonitroante, que “O Governo ataca a função pública por RESSABIAMENTO NEGATIVO”...curioso conceito este de Ressabiamento Negativo...fico a pensar no que consistirá o Ressabiamento Positivo?
3.Embora já tenham decorrido cerca de 12 anos, recordo-me bem do tempo em que alguns cidadãos pouco esclarecidos levantaram reservas sérias ao modelo SCUT, argumentando que não fazia sentido a utilização gratuita de uma infra-estrutura tão dispendiosa e que não se configurava de 1ª necessidade...
4.Acrescendo que o modelo de financiamento escolhido, por concessão de rendimento garantido para os concessionários com base numa taxa de rentabilidade muito generosa, se apresentava muito mais oneroso para o Estado do que a promoção directa dos projectos, com financiamento do próprio Estado e inscrição da despesa no OE – se necessário recorrendo à emissão de dívida pública, à época de muito baixo custo e sem problemas quantitativos...
5.A estas críticas o Eng.º Cravinho respondia (quando respondia) de forma sobranceira, esclarecendo o Povo de que essas pessoas tinham uma visão puramente financista, de contabilista, não se mostrando capazes de compreender os efeitos altamente positivos sobre a actividade económica das regiões atravessadas pelas SCUT’s que este projecto era garantido gerar... e esse incremento da actividade seria + do que suficiente para compensar os custos das ditas SCUT’s...
6.Os anos passaram,passaram, continuamos à espera dos efeitos das SCUT’s sobre a actividade económica das regiões...e entretanto caímos na insolvência, também com a ajuda precisa das SCUT’s, já não havendo dinheiro para assegurar a rentabilidade aos concessionários sendo por isso necessario transformar as SCUT's em CCUT’s!
7.Mas quem está indignado, afinal, é o Eng.º João Cravinho, que lança agora os mais duros impropérios contra aqueles a quem cabe a triste tarefa de apanhar os destroços e os “cacos” de uma feira de vaidades e de desvarios (que incluía uma “barraca” para as SCUT’s) a qual, como era previsível para os tais cidadãos pouco esclarecidos, se desmantelou e acabou na tragédia a que estamos a assistir!
8.Stupete, gentes!
Publicada por Tavares Moreira»

É exactamente assim. Há ilusões que se pagam caro. O pior é que quem paga não foi quem incorreu no erro.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Sacrifícios

Equidade? Sim, equidade é fixe. Mas como?
Sou pensionista, dos que, por serem "ricos" com pensões superiores a 1000 €, vão sofrer o confisco dos subsídios de Natal e de férias durante pelo menos 2 anos. Claro que me vão fazer muita falta, mas penso conseguir uns euritos para poder comprar umas prendas aos meus netos nos próximos Natais. E o que me preocupa menos neste momento é a equidade. Não é por eu ser altruísta ou boa pessoa e aceitar o sacrifício mesmo que outros não tenham de o fazer; é que acho que Portugal tem neste momento problemas muitíssimos mais prementes e importantes do que a equidade. Uma das coisas que ajudava era que as pessoas com responsabilidade se deixassem de polémicas. Que discutissem discretamente as questões, em vez de lançar palavras dúbias ao ar.

Há limites para os sacrifícios que podem ser pedidos aos portugueses? Claro! Em 2012 o limite é conseguir que o défice não ultrapasse 4,6% do PIB. Se com as medidas duras deste Orçamento se conseguir isso, serão sacrifícios necessários e que portanto podem e devem ser pedidos, direi mesmo exigidos, aos portugueses.

domingo, 16 de outubro de 2011

Indignados II

A literatura bloguista sobre os indignados e a sua manifestação 15O é abundante e muito dela certeira.
Link
No Forte Apache, Luís Naves escreve:

« Uma reflexão final sobre os indignados. Nos EUA, os manifestantes do Occupy Wall Street dirigem-se com maior nitidez aos abusos do sistema financeiro e dou por mim a concordar com grande parte do que dizem. Parece-me evidente que estamos nas fases iniciais de uma profunda crise do capitalismo e que é preciso maior regulação.

Já o movimento europeu é confuso. Tem as mesmas características populistas do movimento americano, de anti-política, mas em quantidades que me parecem tóxicas. A rejeição dos partidos e o processo de decisões anárquico, que facilita as manipulações e as chapeladas, são retrocessos da democracia, não são avanços. As assembleias gerais populares são facilmente manipuláveis. E ser do contra porque parece moderno não resolve nenhum problema da sociedade.
Também não entendo a exigência de "democracia participativa". O país a ser governado na rua, por assembleias populares? O governo por sondagens ou pelas redes sociais? Uma senhora está neste momento na TV a dizer que "a gente não paga a dívida". Isto é apenas outra fantasia, como aquelas em que este país viveu nos últimos anos. Claro quer vamos pagar a dívida, pelo menos enquanto os credores nos exigirem isso, pois a alternativa é um retrocesso ao nível da Albânia. Se fizermos o que os indignados querem, o país vai à falência e fica isolado. O que temos é mau, sem dúvida, os nossos "amigos" externos são duros, mas o poder da rua não passa de uma ilusão cruel.»

Outras observações pertinentes aqui, aqui e aqui.

sábado, 15 de outubro de 2011

Indignados

Também eu estou indignado com a crise, mas no mais divirjo completamente dos manifestantes que hoje encheram o largo em frente ao parlamento. Estou indignado por irresponsáveis nos terem metido nesta situação, mas não com as medidas para tentarmos sair dela. Sobre a manifestação de hoje, no Blasfémias, Helena Matos escreve exactamente como eu penso. Excelente post. Também li e tenho presente textos dos anos 70, dos que então não se intitulavam indignados, mas sim revolucionários. Como disse alguém, a história repete-se. Então não eram tão pacíficos, talvez porque os tempos agora não são, pelo menos em Portugal, muito favoráveis a violências. Mas imagino que há quem, mesmo não participando nas manifestações, preferisse que houvesse mais incidentes e pancadaria para poder incriminar os políticos que tanto detestam. Afinal, embora não esteja já em moda a expressão "democracia burguesa", é contra essa democracia que se viram. Só que a "democracia autêntica" que pretendem ou é uma "ditadura do proletariado" (onde existe agora proletariado?) ou qualquer coisa indefinida e indefinível.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

OE 2012 A

Concordo com Helena Garrido. Em poucas palavras diz o necessário. E deixa-me a pensar como é possível deixar impune quem não tomou as medidas indispensáveis há um ano (ou mais), quando já alguns diziam ser tempo de arrepiar o caminho do endividamento e as medias a tomar poderiam ser muito mais leves.

OE 2012

Se por um lado me sinto prejudicado pelo corte na pensão, pelo confisco dos subsídios de férias e de Natal e pelos aumentos de impostos, por outro lado tenho a consciência que as medidas tomadas, embora negativas pessoalmente, vão ser positivas para a recuperação do equilíbrio financeiro do País. Crescimento? Desenvolvimento? Com os défices crónicos e com a impossibilidade de financiamento nos mercados, não é ocasião para pensar nisso.