segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Tempo de antena de borla


Nunca Alberto João Jardim teve tão extenso e variado tempo de antena em todos os canais como nos últimos dias. Até parece que vale a pena esconder buracos para ganhar tempo de televisão, o que dá muito jeito em vésperas de eleições regionais. Será que o Alberto João fez de propósito?

FMI

Mais vale tarde do que nunca. As notícias sobre as assembleias anuais do FMI e do Banco Mundial e sobre a reunião dos ministros das finanças, incluindo o nosso, que as precedeu apareceram hoje em vários canais portugueses e na Euronews. Eu já temia que o fim de semana e o merecido descanso dos jornalistas impedisse qualquer notícia sobre as importantes reuniões. Afinal foi só alguma lentidão das redacções que fez com que só no Domingo se noticiassem estes eventos.

domingo, 25 de setembro de 2011

FMI


Já estamos habituados à falta de informação sobre assuntos importantes, enquanto faits-divers e coisas menores são apresentados repetidamente com grande desenvolvimento. Mas por vezes há exageros completamente condenáveis. Desta vez foi a reunião do Conselho do Fundo Monetário Internacional em Washington que decorreu este sábado e se debruçou sobre a crise económica mundial e especialmente sobre o problema das dívidas soberanas. Ninguém terá a coragem de dizer que a questão não nos interessa; claro que interessa e o modo como o FMI por um lado e os governos por outro pode influenciar de modo decisivo o nosso futuro e o dos nossos filhos. No entanto não vi qualquer referência a esta reunião em qualquer canal de TV nacional e mesmo em muitos estrangeiros. Não posso afirmar que não tenha sido de todo noticiado, só sei que não consegui ver nem uma simples notícia, a não ser na Sky-News, que deu o merecido relevo à reunião e transmitiu em directo, suponho que na íntegra, embora eu tenha perdido o início, a conferência de imprensa final. Nem no nosso canal Económico, que continua a transmitir nos Sábados e Domingos repetições de programas já dados durante a semana, consegui apanhar qualquer notícia. O comunicado final dá relevo à crise dos países da zona euro e refere as decisões da reunião dos ministros das finanças de 21 de Julho, o problema de financiamento dos bancos e a necessidade de melhorar a supervisão. Quem esteja interessado pode recorrer ao sítio do FMI.

sábado, 24 de setembro de 2011

Naming in Lisbon Subway

Ainda sobre a importantíssima questão da alteração dos nomes das estações do Lisbon Subway, que aqui referi há dias a propósito dum postal do blog Lisboa-Telaviv, não resisto a transcrever a opinião de Alexandre Andrade em Um blog sobre Kleist:


«NAMING: O metropolitano de Lisboa mudou o "naming" (é assim que se diz?) da estação "Baixa-Chiado". Houve quem se revoltasse. Estou certo de que esta mudança será rapidamente assimilada pela população lisboeta, pouco interessada em polémicas estéreis. Diálogos como «Vais até ao Cais do Sodré? Não, desço já aqui na Baixa-Chiado PT Bluestore.» irão em breve tornar-se corriqueiros.

Antecipo com prazer o dia em que uma das minhas entradas sobre leituras em lugares públicos rezará assim:

«Um leitor foi avistado a ler as "Metamorforses" de Ovídio na estação Telheiras Salsichas Nobre.»

aa 22:13»

Só é pena que o exemplo dado não respeite a norma de uma palavra ou expressão em inglês. Mas também é certo que, tanto quanto me é dado saber, as Salsichas Nobre, ao contrário da PT, não usam expressões no idioma de Shakespeare excepto na latas “Hot dog” (Shakespeare que me perdoe!).
Aí está!! O exemplo do local da leitura de Ovídio poderia ser a estação Telheiras Hot Dog Nobre. Teria uma ressonância muito mais internacional.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Taxas e mercados

No Quarta República fala-se da probabilidade de banca-rota da Grécia perante os juros altíssimos a que a dívida grega está sendo transaccionada.

Francamente não percebo bem o problema, provavelmente por causa dos meus fracos conhecimentos de economia e da nula sabedoria de finanças: Se bem percebo, desde o início do programa de ajuda da troika que a Grécia não recorre ao mercado financeiro ou pelo menos não recorre em escala apreciável, como acontece com Portugal. Até ao fim do programa de resgate, todo o financiamento é assegurado pelo FMI + BCE + UE, desde que a Grécia cumpra determinadas condições. Se é assim, as taxas mirabolantes a que os títulos de dívida da Grécia são transaccionados são, de certeza, os do mercado secundário. Portanto a Grécia não paga juros exorbitantes, paga os que contratou ao vender os títulos. O problema não estará portanto em a Grécia não ser capaz de pagar os juros altíssimos, está em ser capaz de cumprir ou não as medidas impostas, pois se não as cumprir terá de tentar voltar ao mercado e neste, embora mercado primário, as taxas são influenciadas pelo que se passa no secundário. Outra questão, mas que não se põe imediatamente, é que mesmo que cumpra tudo, quando o programa chegar ao seu termo, lá terá de ir ao mercado e então, embora cumpridora, é provável que os investidores não estejam muito dispostos a emprestar a juros compatíveis com as debilitadas possibilidades gregas. Gostava muito que alguém me dissesse se eu estou errado, ou se estão os que se assustam tanto com as taxas.

domingo, 11 de setembro de 2011

«Como se o passado não existisse...»

Li no Quarta República:

«Como se o passado não existisse...

Ouvi parte do discurso de encerramento de António José Seguro no Congresso do PS. Realmente, como pode o PS não fazer contas com o passado, fazer de conta que não deixou uma herança pesada, rasgar a página da sua governação que conduziu o país ao abismo, criticar o governo e falar de um novo projecto de desenvolvimento para o país que é preciso começar já apostado no emprego, no crescimento e no combate à corrupção, que o futuro que querem é um novo futuro.
Está tudo muito certo, precisamos de tudo isso e de muito mais, por exemplo, de um Estado que não falhe na protecção social das pessoas que precisam efectivamente de apoio, em lugar de andar a fazer obras megalómanas e desnecessárias sem dinheiro para as pagar. Um Estado que gastou no supérfluo, agora não tem como cuidar do essencial.
Bem sei, que o novo líder do PS precisa de um novo discurso, precisa de conquistar espaço e oxigénio para respirar, mas convenhamos que não lhe ficaria nada mal, muito pelo contrário, ter sentido de humildade e reconhecimento dos erros cometidos. Sem esta catarse não terá credibilidade para ser oposição construtiva. É por estas e por outras que os portugueses estão desiludidos com a política e com os políticos...»

É exactamente o que eu pensei ao ouvir excertos dos discursos de seguro. Seguro parece muito seguro que a crise actual, o alto grau de desemprego, a necessidade de medidas duras de austeridade para combater a dívida e a recessão daí resultante são culpa exclusiva do actual Governo, porque não teve uma política que promova o crescimento nos 80 dias que leva de vida. Até parece que há 81 dias, antes de este Governo tomar posse, o desemprego, a dívida e a necessidade de medidas duras não existiam.
Bem sei que os casos não são comparáveis, mas veio-me à memória a coragem de Kruchtchov ao denunciar, no XX Congresso do PCUS, os crimes de Estalin. Agora, como diz Margarida Corrêa de Aguiar, é como se o passado não exixtisse…

Bluestation

Leio em Lisboa-Telaviv

«Estação Bela Vista Pingo Doce
Uma excelente ideia a do Metropolitano de Lisboa: dar o nome de uma empresa à estação da Baixa-Chiado. As hipóteses são tantas como o número de estações: Estação Olaias Hotel Altis Park, Estação Bela Vista Pingo Doce, etc etc. Desde que reduzam o gigantesco défice do Metropolitano até podem pintar as estações de rosa-choque que o contribuinte agradece.

Publicada por David Levy »

Também acho uma excelente ideia. Não esquecer que deve ser obrigatório nos novos nomes das estações haver uma palavra ou uma expressão em inglês (como acontece em Baixa-Chiado PT Bluestation). Como o inglês é a nova língua franca, como outrora era o latim, e é de bom tom mostrar que dominamos bem o English, proponho mesmo que o nome da empresa Metropolitano de Lisboa seja alterado para Lisbon Subway. E preparemo-nos para quando a língua da moda for o chinês, não deve tardar muito

sábado, 10 de setembro de 2011

Lema do PS


O lema do PS é actualmente "PS O grande partido da esquerda democrática". Acho que este lema não é novo, mas agora, ao vê-lo inscrito nos painéis do Congresso de consagração de Seguro, é que reparei melhor nele. E fica-me uma pergunta: Se o PS é o grande partido da esquerda democrática, quais serão os pequenos partidos da esquerda democrática?

Beija-mão

É raro estar de acordo com as declarações de Vitalino Canas, mas desta vez acho que ultrapassou o limite da minha discordância para emitir um disparate de alto calibre: Ao comentar as deslocações de membros do Governo português à Alemanha e as reuniões que têm tido com a Chanceler Angela Merkel e outras autoridades alemãs, acusou-os de "irem ao beija-mão!". Não sei se o cumprimento com a Senhora Merkel foi alguma vez um beija-mão, mas é evidente que a acusação implícita não era de terem sido muito corteses, mas sim de serem subservientes. Esquece-se Vitalino Canas das reuniões e dos cumprimentos de Sócrates, enquanto Primeiro-Ministro e mais recentemente, à Chanceler alemã, cheios de sorrisos e vénias e, se não beija-mãos, pelo menos não faltaram beija-bochechas.

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

No Insurgente, escreve Rui Carmo:

«Na edição (em papel) de ontem do DE, na primeira página está impresso o título: “Gaspar garante que contas da Madeira serão auditadas antes das eleições”. Assim mesmo, o Gaspar. Será o vizinho da frente? O homem da tabacaria? O fantasminha? Ou um dos amigos do Sérgio Godinho? Picuinhices à parte, na edição de hoje há uma ligeira confusão entre alta e baixa, como bem assinala o Joaquim do Portugal contemporâneo.

O instituto de estatísticas grego reviu em alta a contracção da economia grega de 6,9 para 7,3% nos 12 meses terminados no segundo trimestre.

Vamos lá usar a cabeça: se estava prevista uma contracção de 6,9% e, afinal, o cenário macroeconómico se agravou e a contracção vai chegar aos 7,3%, então o crescimento foi revisto em baixa. Em baixa! Fónix.
O DE não editará as notícias da Lusa?

Não me parece que tenha razão, senão vejamos:

1) Sobre o uso do apelido Gaspar para designar o Ministro das Finanças: Não vejo onde está o espanto. O anterior MdF não era sempre tratado pelo seu apelido Teixeira dos Santos? Era, e ninguém se admirava. O mesmo acontecia e acontece com muitos políticos, incluindo aqueles em que o apelido não é composto ou é simplificado: Basta lembrar Soares, Cavaco, Jardim, Passos, Bagão, Portas. Mais de estranhar era designar o anterior PM pelo segundo nome próprio Sócrates, coisa que não me lembra de ter ocorrido com qualquer outro PM ou simples ministro. Só por ironia ou para o atacar lhe chamavam Sr. Pinto de Sousa.

2) Confusão entre alta e baixa: A confusão reside no comentário. Se o jornal referia "reviu em alta a contracção" estava absolutamente correcto. Quando o crescimento é negativo ocorre uma contracção, que evidentemente é positiva. Portanto quando a contracção aumenta, significa que o crescimento baixa ainda mais. Então uma grandeza (a contracção, ou qualquer que ela seja) passar de 6,9 para 7,3 não é uma revisão em alta? É assim, mesmo que a grandeza inversa, o crescimento, ao passar de -6,9 para -7,3 seja revisto em baixa. Elementar, meu caro Watson. Quando se tem menos saúde, está-se mais doente, não é assim?

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Princípio do fim de quê?

Ouvi Passos Coelho dizer claramente, no seu discurso de encerramento da Universidade de Verão do PSD, que 2012 seria "o princípio do fim da emergência". Referia-se, como é evidente, ao plano de emergência que faz parte do seu programa para acção a curto prazo. Fiquei admirado quando no Domingo Marcelo Rebelo de Sousa referiu, como um dos pontos negativos do discurso, que não deveria ter falado no "princípio do fim da crise". Pensei que era um lapso, mas que não teria grande importância porque não correspondia ao que Passos dissera. Mas já ouvi outras pessoas, entre elas o Prof. Manuel Maria Carrilho criticarem o PM por ter afirmado que 2012 seria "o princípio do fim da crise". Carrilho manifestou fortemente a sua discordância pela alegada afirmação. Assim se cria uma lenda, deturpando as palavras para criar um facto novo e poder aumentar o efeito da crítica.