domingo, 24 de abril de 2011

Como os jornalistas introduzem subtilmente palavras para mudar o sentido das coisas

A entrevista que Mário Soares concedeu ao i tem grande interesse político. Direi mesmo que o velho leão, que nos últimos tempos parecia pouco interessado em mostrar posição própria, mostrou que não alinha pelas posições dos outros. Mas, mais do que as opiniões políticas expressas, a comunicação social interessou-se principalmente a opinião pessoal sobre Pedro Passos Coelho, que disse nomeadamente "Acho-o simpático" e "Acho-o uma pessoa bem intencionada", "uma pessoa com quem se pode falar". Mas estas apreciações, principalmente no que se refere à simpatia, parece terem chocado alguns jornalistas de televisão. Não sei nomear quem, mas sei que ouvi designadamente "Mário Soares confessa achar Passos Coelho simpático" e "Soares admite ter simpatia para com Passos Coelho". Confessa? Admite? São palavras introduzidas subtilmente que significam reprovação ou pelo menos estranheza. Então achar simpático o líder do PSD é um crime ou um pecado que tenha de se confessar? Uma opinião anormal ou embaraçosa que tenha de se admitir? Não seria mais correcto usar simplesmente o verbo "achar" para transmitir o que Soares disse na realidade?

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