sábado, 30 de abril de 2011

Programa eleitoral do PS

Achei estranho que, das 70 páginas do Programa Eleitoral do PS, metade fosse consagrada a recordar o modo como o PS tem conduzido bem a governação, repetindo o que já tem dito em várias ocasiões que só teve os maus resultados que se conhecem por causa da crise internacional, explicada no documento em pormenor, e pela acção irresponsável da oposição.
De facto, não sei se já repararam que o que se pode chamar "programa", a parte que revela as linhas do futuro governo e as medidas que tomará, se ganhar as eleições, só começa na página 35, exactamente a meio.

sexta-feira, 29 de abril de 2011

Procura-se ministro desaparecido

Desapareceu já há dias e continua sem dar notícias um conhecido ministro. Não se encontra no ministério nem no parlamento, agora inactivo, nem tem sido visto em público. A ausência estende-se aos meios de comunicação, que se combinaram para não falar dele, depois de dias e dias em que era um dos principais assuntos noticiosos. Nem compareceu a uma cerimónia pública importante em Belém onde estiveram todos os seus colegas. Nesta ocasião, um amigo do desaparecido disse julgar que a ausência se deveria a estar a trabalhar para o bem do país nas negociações com a troika que nos visita por estes dias. O desconhecimento deste amigo sobre o exacto paradeiro do ministro eclipsado é tanto mais desconcertante quanto o referido amigo é, além de amigo, também o chefe directo do desaparecido, visto frequentemente na sua companhia. Dadas as responsabilidades do ministro em falta, o desaparecimento é muito grave, pelo que se apela às pessoas que possam dar indicações sobre o seu paradeiro que entrem urgentemente em contacto com as autoridades. O desaparecido tem o cabelo branco e olhos claros, não se sabendo que roupa vestia quando do seu desaparecimento. Dão-se alvíssaras de 80 mil milhões de euros.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Protesto para a SIC

Se há coisa que me irrite são as alterações de programação de TV não anunciadas, principalmente quando eliminam um programa que me interessa. Cheguei a telefonar para uma estação de TV, não me lembro já qual, queixando-me da alteração que tinha suprimido o programa que eu queria ver por outra coisa que não tinha qualquer interessa para mim. Responderam-me amavelmente que um programa de TV é uma coisa viva e que é preciso mudar quando há razões e surgem acontecimentos que interessam a um público mais numeroso.
Já no início deste ano protestei, desta vez por escrito, por um caso idêntico na SIC-Notícias, irritado principalmente por o programa substituto ser sobre futebol. Eis o meu protesto:

«Eu sei que o futebol dá muitas audiências, mas considero uma enorme falta de consideração pelos telespectadores anunciarem, como habitualmente, o programa Negócios da Semana para hoje às 23 h e em vez do programa esperado darem uma dose reforçada de futebol. Não sabiam que ia haver hoje um jogo importante? Foi pelo resultado inesperado que tiveram de prolongar a informação desportiva e ouvir todos os comentadores possíveis, cancelando (ou remetendo para outro horário?) sem avisarem o que estava programado? Não pensaram que mesmo para quem gosta de futebol há um programa a respeitar? E quem não gosta de futebol e se interessa por economia, como é o meu caso?

Se tivessem um mínimo de respeito pelos telespectadores cumpriam o programa e, quando por motivos de força maior não fosse possível fazê-lo - o que não é o caso de hoje -, pelo menos avisavam. Exijo explicações.

F., Um telespectador até agora fiel mas indignado»

Não houve qualquer explicação ou resposta da parte da estação televisiva. Nem um aviso de recepção.

Como repetissem a graça na semana passada, voltei a protestar, desta vez com alguma ironia:

«Mais uma vez fiquei profundamente frustrado por ter esperado em vão pelo programa "Negócios da Semana" programado para hoje às 23 horas mas que acabou por não ser transmitido. O alto critério do responsável da programação da SIC-Notícias achou preferível brindar-nos com chatíssimos comentários sobre um jogo de futebol que certamente terá muito mais importância do que a situação económica do país. Realmente, quem se pode interessar pelo facto de Portugal atravessar uma pequena crise e pela insignificância de termos entre nós representantes de organismos como o FMI, o BCE e a UE para negociações, quando houve um encontro de futebol. O futebol justifica tudo. O que é preciso é falar de futebol. E para os poucos que se interessam pelo futuro do país, nem vale a pena avisar que a programação foi alterada. Que fiquem a ver os discursos dos treinadores, dos jogadores, dos comentadores e tudo o mais ou que mudem de canal. Entretanto no guia de programação da ZON continua a anunciar-se o "Negócios da Semana" para as 23. É não só falta de respeito pela programação, mas também falta de respeito pelos espectadores. Por favor, para a próxima, se a maioria do público gosta é de futebol e não aprecia programas de economia (mesmo quando estão preocupados pela dureza das medidas de austeridade), podem encher o programa de futebol, mas, por favor, avisem.

Cumprimentos

F.., espectador habitual (por enquanto»

Desta vez obtive resposta:

«Exmo. Sr. F. ,

Agradecemos a disponibilidade demonstrada para nos transmitir a sua opinião. As alterações efetuadas nas grelhas de programação dos canais da SIC têm por principio a preferência dos espetadores, que são medidas e se traduzem em audiências. Este fator tem um papel importante na definição da estratégia de uma estação comercial como a SIC. Informamos que a sua insatisfação foi registada e encaminhada para a área responsável.

Sem outro assunto de momento, agradecendo o seu contacto, e colocando-nos à sua inteira disposição para futuros contactos, apresentamos os nossos melhores cumprimentos,

Bruno Costa

Assistente de Relações Públicas»

Apesar de não me considerar um espetador, já que não espeto nada, mas sim um espectador - com grafia que acho que é ainda legal - fiquei agradado por obter uma resposta, mas não com a explicação dada. Aguardo a justificação da "área responsável".

domingo, 24 de abril de 2011

Como os jornalistas introduzem subtilmente palavras para mudar o sentido das coisas

A entrevista que Mário Soares concedeu ao i tem grande interesse político. Direi mesmo que o velho leão, que nos últimos tempos parecia pouco interessado em mostrar posição própria, mostrou que não alinha pelas posições dos outros. Mas, mais do que as opiniões políticas expressas, a comunicação social interessou-se principalmente a opinião pessoal sobre Pedro Passos Coelho, que disse nomeadamente "Acho-o simpático" e "Acho-o uma pessoa bem intencionada", "uma pessoa com quem se pode falar". Mas estas apreciações, principalmente no que se refere à simpatia, parece terem chocado alguns jornalistas de televisão. Não sei nomear quem, mas sei que ouvi designadamente "Mário Soares confessa achar Passos Coelho simpático" e "Soares admite ter simpatia para com Passos Coelho". Confessa? Admite? São palavras introduzidas subtilmente que significam reprovação ou pelo menos estranheza. Então achar simpático o líder do PSD é um crime ou um pecado que tenha de se confessar? Uma opinião anormal ou embaraçosa que tenha de se admitir? Não seria mais correcto usar simplesmente o verbo "achar" para transmitir o que Soares disse na realidade?

terça-feira, 19 de abril de 2011

Oposição à oposição ou ensaio geral de oposição?

Cada vez que Sócrates abre a boca nos últimos tempos, é para atacar o PSD, causa de todos os males que assolam o país, e denegrir as propostas e as afirmações de Passos Coelho. Começa a ter todo o aspecto de um chefe da oposição, que em vez de procurar afirmar as suas ideias só tem em mente criticar as ideias de quem as tem. Será que Sócrates, no vazio de ideias próprias, só consegue ser oposição à oposição, completando assim a sua tendência para a vitimização? Ou será simplesmente um ensaio para quando, esperemos que em breve, for realmente oposição?

terça-feira, 12 de abril de 2011

Somos únicos!

Como lembra Pinho Cardão na Quarta República, "Tristemente sós!...Portugal é o único país do mundo cuja economia não cresce em 2011 e 2012.
Eis como um bando de aprendizes de feiticeiros deixou este país.

Pensando que era elixir de vida próspera, mais não fizeram do que injectar veneno. E o mais que a boa medicina pode fazer é ir-lhe conservando as funções vitais. Até diluir o veneno socialista que lhe foi injectado.

Um bando de aprendizes cujo nível de competência mais elevado (salvo raríssimas excepções...)parava no patamar de chefe de uma secção de segunda. E já era pensar alto.

Petulantes e arrogantes, pensaram que governar um país era fazer manigância.

Nem na Costa do Marfim teriam lugar, que vai crescer no próximo ano!...

Mais um recorde triste de Sócrates."

Já tinha ouvido a notícia e até duvidei da sua veracidade: O único no mundo que não cresce em 2011 e 2012? Pareceu-me impossível, e, dada a falta de rigor da nossa informação até pensei que provavelmente seria o único da UE ou o único da OCDE e que o jornalista se enganara ao referir que era do mundo. Decidi ir verificar no sítio mais indicado: o sítio do FMI. Pois confirmei a veracidade da notícia (com excepção da Líbia, para a qual a previsão é "...")! Só mesmo uma grande incompetência e cegueira pode ter levado a este resultado. Está na moda dizer que somos todos responsáveis, mas deve reconhecer-se que há alguns (que sabemos quem foram) muito mais responsáveis (ou melhor, irresponsáveis, para não dizer culpados) do que os outros.

Teixeira dos Santos viu a luz

O Ministro Teixeira dos Santos descobriu inesperadamente que a necessidade de apoio financeiro externo é causada por gastarmos acima daquilo que produzimos. Mas então não corria tudo bem até os irresponsáveis da oposição reprovarem o PEC IV? Diz o ministro que não podemos gastar sistematicamente mais 8 a 9% do que produzimos. Esta descoberta surpreendente merece a atenção dos economistas de todo o mundo, quiçá o Prémio Nobel. Nunca ninguém, nem mesmo o Medina Carreira, tinha pensado nisto.

domingo, 10 de abril de 2011

Resumo do XVII Congreso do PS

Apesar de ainda faltar um dia para terminar o Congresso do PS em Matosinhos, já é possível fazer em poucas palavras um resumo do que lá se disse:
"A situação do nosso país é muito grave e a culpa é da oposição e particularmente do PSD, aquele partido que tem um líder inexperiente e irresponsável, porque até esse partido assassinar o PEC IV o nosso país estava numa situação muito boa mercê da boa governação do PS desde que tomou o poder. Os malandros do PSD deitaram tudo a perder com a sua acção irresponsável e eis-nos agora nesta situação aflitiva." Pouco mais se disse. O que pensa o PS do futuro do país que governa, que linhas mestras tem em mente para sair do abismo, que fazer, é coisa que não mereceu uma palavra no Congresso (se houve esta palavra, peço desculpa, mas eu não a ouvi).

sábado, 9 de abril de 2011

Um compromisso nacional

Espantou-me que 47 personalidades de vários quadrantes de actividade e políticos tenham tido a peregrina ideia de um "compromisso nacional" que inclui "um compromisso entre o Presidente da República, o Governo e os principais partidos no sentido de garantirem a execução de um plano de ação imediata". É quase uma União Nacional. Então para que serve haver partidos? Não é para que apresentem soluções alternativas para que o soberano, que em democracia é o povo, possa escolher o que prefere? No contexto actual é possível tal compromisso, quando o partido que está, esperemos, quase a sair do Governo tem uma visão do país tão oposta à do principal partido da oposição? E quais são os "principais partidos"? Incluem-se nestes o PCP e o BE? Se não, inclui-se o CDS, que por vezes tem menor representação parlamentar que aqueles? Se este compromisso fosse possível, seriam inúteis as eleições. Reuniam-se todos e faziam um compromisso de "ação" ou, de preferência, pelo menos para mim, de "acção". Mas não pensem que vou comprar o Expresso para saber mais sobre o assunto. Nos últimos tempos já gastei dinheiro inutilmente nesse exercício.

Nota: Algumas das personalidades que consegui reconhecer pelas fotografias têm-me merecido respeito pelas suas opiniões, o que não implica que tenha de concordar com todas as suas ideias.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Este País não é para cardíacos

A rápida sucessão de notícias dos últimos dias, culminando esta noite com o anúncio do PM de que afinal sempre decidira pedir apoio do FEEF (ao contrário do que vinha repetindo e tripetindo desde há tempos até ao último dia e depois de um aparecimento fugaz nas TVs em mangas de camisa a perguntar em que posição ficava melhor), deixou-me atordoado. Juros da dívida a aumentar rapidamente, notação das agências da dita em queda acentuada, quer para a dívida soberana quer para os bancos e as empresas, declarações dos banqueiros, teima dos políticos, culpabilização e caça aos responsáveis da derrocada, e, como cereja em cima do bolo, o pedido de resgate financeiro, tudo em sequência rápida com sobressaltos e golpes de rins, é demais para simples mortais, bons contribuintes e cidadãos preocupados como nós. Será que vamos agora ter uns dias mais calmos? Não me parece...

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Rua Nova dos Mercadores - D. Sebastião: descobertos quadros

Não sou sebastianista e não tenho esperança de que D. Sebastião apareça numa manhã de nevoeiro. De resto, este jovem rei fogoso, "bem nascida segurança da lusitana antiga liberdade, e não menos certíssima esperança de aumento da pequena Cristandade", em vez de ter sido, como esperava Camões, "jugo e vitupério do torpe Ismaelita cavaleiro, do Turco Oriental e do Gentio" foi, sim, o responsável pela perda da independência de Portugal. No entanto exultei com a notícia da descoberta no Museu Rietberg de uma tela que se julgava perdida como sendo do jovem D. Sebastião com 8 anos, que estava mal identificado como um nobre austríaco.


Mas achei ainda mais interessante a descoberta de duas telas (que parecem provir de um único quadro cortado ao meio) que representam a Rua Nova dos Mercadores da Baixa lisboeta pré-pombalina (e não pós-pombalina, como por erro disse o jornalista da RTP ao introduzir a notícia). Ainda há dias estive mais uma vez no Museu da Cidade onde vi a maqueta da reconstituição de Lisboa antes do terramoto e estive a observar como se pensa ter sido esta importante artéria da cidade. Uma das duas telas tem sido reproduzida e é fácil de encontrar na net:


mas a outra, só a consegui vislumbrar na reportagem da RTP2. Tentei apanhá-la, mas uma parte à direita ficou tapada. No entanto acho de interesse apresentar o que se consegue ver:

domingo, 3 de abril de 2011

Culpabilização e crispação

Os apelos de vários quadrantes e de várias personalidades para que a campanha política que começou em força seja cordata e para que os intervenientes evitem a crispação parecem não ter tido grande aceitação. Ainda ontem, as palavras de Sócrates em relação às últimas declarações de Passos Coelho mostram que a campanha vai seguir num tom violento e de assacar culpas, se necessário inventando intenções que não se podem concluir do discurso dos adversários políticos criticados.



A propósito, não percebi porque discursou Sócrates, numa acção de campanha no Porto, em frente de uma parede onde se lia "José Sócrates - defender Portugal construir o futuro" (Não tenho a certeza de que as letras pequeninas dissessem o que me pareceu; se interpretei mal, peço desculpa). Era uma acção do PS ou de José Sócrates? Será que Sócrates está a concorrer individualmente a algum cargo? Ou são já sintomas de culto da personalidade?