terça-feira, 22 de março de 2011

Até ver, é o governo que tem obrigação de governar.

Já vêm de há muito os apelos do governo aos partidos da oposição para que apresentem alternativas às medidas que eles criticam nos governantes. Se criticam, se dizem que não serve, têm de dizer como querem que se faça. Parece lógico, mas neste caso não é. Seria um apelo razoável entre iguais, entre colegas, amigos ou familiares: Não gostas do modo como eu faço, então diz tu como farias. Mas governo e oposição não são iguais. O governo dispõe de meios e tem acesso a informações que a oposição não tem.

No caso actual, Francisco Assis repete e repete o apelo: Se o PSD quer reprovar as medidas do PEC, deverá apresentar alternativas. Diz isto em várias ocasiões e em vários tons e critica o PSD por não fazer o que Assis pensa que teria obrigação de fazer. Mas não tem razão. Primeiro, porque o PSD não tem tanta informação sobre os dados económicos e financeiros do país como o governo. Segundo, porque o Ministério das Finanças dispõe de uma quantidade de funcionários que formam uma máquina poderosa para estudar alternativas e preparar as decisões, enquanto que Passos Coelho, por muitos economistas que tenha à disposição para o aconselhar, está longe de ter uma máquina semelhante. Por último, o PSD não é governo, e quem tem dever de governar é o governo; a oposição pode concordar ou discordar, mas se discordar é ao governo que cabe resolver a questão e, sendo minoritário, procurar alternativas que possam ser aprovadas pelo parlamento.

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