quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Aprovação do OE e subida das taxas

Há quem se admire de que as taxas da dívida soberana portuguesa continuem a crescer depois da aprovação do OE no parlamento, em consequência do acordo entre o Governo e o PSD. O que admira é que haja quem se admire. Em primeiro lugar, não se sabe se as taxas subiriam muito mais se o OE não tem sido aprovado. Não é portanto impossível que o acordo tenha tido um resultado positivo. Em segundo lugar, e na minha opinião é o ponto mais importante, os eventuais compradores da nossa dívida, especialmente da dívida a 10 anos, não podem basear o seu critério sobre a segurança dos seus investimentos num documento que apenas se refere ao ano de 2011 e que, dada a ausência de medidas de fundo, por muita austeridade que imponha a curto prazo, pouca relevância tem no prazo de 10 anos. Se o Governo apresentasse um conjunto de medidas a médio/longo prazo e se essas medidas fossem credíveis e pudessem ajudar a consolidar a situação financeira, o que não acontece com as actuais medidas de austeridade, talvez os mercados reagissem mais positivamente. Nas actuais condições não admira que continuem a desconfiar.

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