sexta-feira, 2 de abril de 2010

Astrologia e pena de morte

Não acredito na astrologia. Penso que se trata de uma superstição antiga mas sem sentido, que a ciência moderna contradiz e que o senso comum não aceita. Grandes figuras e até cientistas acreditaram, mas hoje os conhecimentos científicos retiram-lhe qualquer base de verosimilhança. Acho lamentável que revistas sérias e programas de televisão lhe dêem espaço para divulgação. Creio firmemente que muitos astrólogos fazem da sua actividade um negócio, mas eles próprios, na sua maioria, são demasiado inteligentes para crer nas patranhas que debitam.


No entanto fiquei chocado ao ouvir hoje a notícia de que um libanês foi condenado à morte na Arábia Saudita por decapitação por ter apresentado na televisão árabe um programa de astrologia. Sou contra a pena de morte. Sou ainda mais contra a pena de morte do que contra a divulgação da astrologia. Não há métodos aceitáveis para matar e acho ridícula a controvérsia que existe nos Estados Unidos da América sobre a maior ou menor crueldade dos métodos de concretizar a pena de morte. Contudo a decapitação repugna-me particularmente e espanta-me que ainda seja exercida legalmente em alguns países. Por isso, por muito que não acredite na astrologia e até possa dizer que ache detestável o aproveitamento de pessoas crédulas para espalhar esta pseudo-ciência e fazer dinheiro (seja fazendo consultas pagas, seja para vender revistas ou promover audiências), defendo, nas esteira de Voltaire, o direito de o fazer sem represálias. E especialmente quando a represália é a pena de morte e em particular quando esta é exercida por decapitação, acho que seria de esperar uma campanha internacional contra esta injustiça.

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