domingo, 28 de fevereiro de 2010

Madeira causa clivagem entre PM e Ministro das Finanças

É mais que evidente a clivagem entre o Primeiro Ministro e o Ministro das Finanças. Quando ainda há dois dias Teixeira dos Santos reafirmava em plena Assembleia da República a sua oposição à Lei das Finanças Regionais aprovada pela oposição contra a posição do Governo e do PS, Sócrates diz que, dada a situação de catástrofe na Madeira e a necessidade de acorrer com meios financeiros, nada afectará o auxílio que o Estado dará à Região Autónoma. E, para ajudar à festa, Alberto João Jardim manifesta a sua confiança na acção do Primeiro Ministro, afirma, depois da entrevista que aquele deu hoje (28 de Fevereiro) à TVI, que está absolutamente de acordo com ele, e lembra, muito a propósito, que «o Ministro das Finanças responde perante o Primeiro Ministro e perante o Parlamento», não lhe cabendo a ele, Alberto João Jardim, comentar as suas posições. Mais claro do que isto é difícil.

Aliás é evidente o enfado com que ultimamente Teixeira dos Santos responde a perguntas, seja de deputados, seja de jornalistas. Até parece que deseja ardentemente deixar o Governo, sendo apenas impedido por Sócrates, para quem a fuga daquele seria mais uma desgraça, mais um passo para o fim, mais uma tábua no caixão.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Candidaturas

A candidatura de Fernando Nobre à presidência da república faz todo o sentido. Como o presidente da AMI é especialista em auxílio em caso de catástrofes, é natural que queira acorrer à catástrofe que é a política portuguesa.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A manifestação pela família e pelo casamento

Também estive lá. Milhares de pessoas, homens, mulheres e crianças, muita alegria, muita vontade de defender duas ideias simples: a de que o casamento é entre um homem e uma mulher e a de que a família é a base da sociedade.
Vale a pena ver a sequência de fotografias aqui.
Vale também a pela ler os comentários aqui.
E já agora, é oportuno e instrutivo ler as alarvidades contra a manifestação aqui. Estas merecem uma resposta:
Os participantes da manifestação não se podem descrever correctamente como "freiras, miúdos da catequese, gajos a segurar o terço e a bíblia qual livrinho vermelho. Todo um cardápio de horrores". Vi realmente 3 freiras, talvez houvesse mais entre os milhares de manifestantes. Vi muitas crianças, mas nada indicava que fossem "miúdos da catequese", até porque muitos ainda não tinham idade para frequentar a catequese. Só vi um indivíduo com um livro de capa preta na mão que presumo fosse a Bíblia. A mim que nem sou católico, tal não me incomodou. Porque será que incomoda o autor do comentário? Além disso, não vi serpentinas; bandeiras portuguesas havia, mas espanhola só vi uma. E isso que mal tem?
A ideia que motivou os manifestantes pode ser discutida, podem-se apresentar argumentos contra e a favor, mas comentários sem qualquer educação como este não merecem mais que desprezo.
Só não percebo como é possível que alguns dos contra-manifestantes estivessem na varanda do São Jorge, um edifício camarário, fazendo gestos de desaprovação com os polegares para baixo. Será que a CML estava oficialmente contra a manifestação?

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Rumores, mentiras e insultos

O nosso primeiro, na sua curta mensagem de ontem ao País, além de enunciar 3 "verdades" entre aspas, queixou-se da campanha de "rumores, mentiras e insultos" com que o atacam. É pena que não tenha especificado minimamente a que rumores, mentiras e insultos se referia, porque não tenho dado conta de tais dislates, e posso afirmar que tenho lido muita imprensa e visto muitos noticiários televisivos nestes últimos dias. Alguma imprensa formula hipóteses com base na informação disponível, como por exemplo a hipótese da existência dum plano do Governo para o controlo da comunicação social. Não me parece que tal seja nem um rumor, mas sim uma conclusão a partir dos factos, nem uma mentira, pois que baseada em argumentos, nem um insulto. Quando muito poderia ser uma acusação infundada, uma hipótese sem sustentação nos factos reais ou uma conclusão mal concebida. Mas se fosse assim, deveria ser desmontado o raciocínio que levou a tais conclusões, se tal fosse possível, o que não me parece o caso.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Portugal e o progresso

Depois da ideia de que o ex-ministro dos corninhos, Manuel Pinho, é o preferido do Governo para substituir Constâncio como Governador do Banco de Portugal, foi ontem anunciada a intenção de Fernando Nobre de se candidatar à Presidência da República. Por muita consideração que se possa ter pela obra de Nobre na AMI, não vejo que qualidades terá para tal cargo. Penso mesmo, parafraseando um antigo político brasileiro, que se Portugal está à beira do abismo, com Nobre a presidente e Pinho a governador dará um passo em frente.

Só Fernando Nobre me faria ver alguma vantagem em votar Alegre.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Crise grega e não só

No seguimento do meu postal de ontem "Pão e circo, mas mais circo que pão", volto a citar o blog O Cachimbo de Magritte a propósito da crise grega, que não é só grega, como infelizmente bem sabemos, visto que cada vez mais nos vamos vendo gregos. O texto Leitura Obrigatória é importante para nos esclarecer sobre o assunto. Dada a quase ausência de notícias ou comentários úteis para os leigos sobre estes assuntos nos nossos meios de comunicação, a divulgação deste texto é um verdadeiro "serviço público". É por estas e por outras que cada vez mais a blogosfera vai substituir os jornais e as TVs como fontes úteis de informação. Depois não se queixem.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Imperdível, o Manifesto pró-Sócrates!

Pão e circo, mas mais circo do que pão

No blog O Cachimbo de Magritte, Jorge Costa declara:

"Um dos índices absolutamente espectaculares do desinteresse de Portugal por si próprio, do seu fechamento alienado a tudo o lhe diz mais directa e fundamentalmente respeito, do seu paroquialismo, que seria cómico se não fosse letal, é a quase inexistência de informação nos media nacionais sobre a evolução da «crise grega» e da forma como esta está a reformatar por completo a União Europeia, com a sua zona monetária e o seu futuro."

Mas, para quê falar mais da chata «crise grega» se há tanto para entreter a malta com futebol, Ídolos e telenovelas? O que é que isso interessa? Os gregos que se lixem! Não vale falar de coisas chatas...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Face oculta, escutas, Sol, providência cautelar, notificação

Não me sinto abalizado a analisar o caso do dia, o alegado plano do Governo - ou talvez apenas do seu presidente - para controlar a comunicação social, a baralhada das escutas e dos despachos, os últimos acontecimentos de hoje com a comédia burlesca de um oficial de justiça a tentar repetidamente entregar uma notificação à direcção do semanários Sol ou às jornalistas que tê3 tratado do caso. É tudo tão confuso e já tanto se tem dito e escrito sobre o assunto, seus contornos jurídicos e políticos, éticos e criminais, que me abstenho de dar a minha opinião. Mas lá que a tenho, isso é que tenho.

Mas assaltam-me duas dúvidas. Não parecerão muito importantes, mas vendo bem até o são.
A primeira dúvida prende-se com a conhecida velocidade da justiça portuguesa. Até por experiência própria, sei que mesmo uma providência cautelar, que por norma é mais rápida que um processo normal, pode levar meses a dar resultados. Veja-se o caso da providência posta contra Gonçalo Amaral e o seu livro. Contudo desta vez a acção foi rapidíssima. Como não poderia ter sido interposta antes da publicação do Sol da semana passada, em pouquíssimos dias surtiu efeito, sem audição das partes, nem alegações, nem notícia pública da sentença. A primeira coisa que vem a público é a tentativa de notificação. Tendo em conta as declarações solenes de 2 ministros sobre o sagrado princípio de separação de poderes, acredito que não tenha havido influência do Governo sobre a justiça para acelerar tanto o processo, mas lá que a rapidez é estranha, não resta dúvida.

A segunda dúvida prende-se com a dificuldade de notificar os responsáveis pelo Sol. Então não existem actualmente meios mais expeditos de entregar uma notificação do que mandar um oficial de justiça ao local com um papel e fazer com que este pergunte na recepção à funcionária que estiver presente pelos nomes citados? Assim não vamos longe.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Os erros e a política

Com esta impagável fotografia,


o blog De Rerum Natura publica hoje um comentário sobre as declarações contraditórias de Sócrates e de Teixeira dos Santos a propósito do défice surpreendente ou não, que aqui já comentei também. Vale bem a pena ler o comentário de Carlos Fiolhais. As citações das declarações governamentais são mais fidedignas do que as minhas.

Prós e Contras: O OE

O programa Prós e Contras de ontem esmiuçou a situação económica do país e as medidas do Orçamento de Estado apresentado e aprovado na AR. As dificuldades que Portugal vai ter para controlar as contas e a dívida externa foram debatidas por vozes autorizadas como Medina Carreira, Silva Lopes, Nogueira Leite e Henrique Neto, entre outros.

Do debate, reproduzo duas frases significativas:

Henrique Neto: «O Primeiro-Ministro seria um bom vendedor de automóveis».

Bruno Bobone: «Em linguagem empresarial, Portugal está a dar prejuízo: as despesas são maiores do que as receitas. Temos uma dívida que equivale ao total do volume de vendas durante um ano.»

Soluções sugeridas? Poucas e dolorosas.

Défice surpresa (ou talvez não)

O Ministro das Finanças afirmou e reafirmou que foi surpreendido pelo valor do défice das contas públicas de 2009 que atingiu 9,3%. Declarou: «Enganei-me, mas não quis enganar os portugueses.» Porém não explicou, nem quando questionado directamente, como justifica que pouco tempo antes desta revelação surpreendente – até para ele próprio – do défice, ainda adiantasse valores significativamente menores.

Mas quase simultaneamente o Primeiro-Ministro afirmava: «Nós aumentámos o nosso défice porque quisemos aumentar o nosso défice. O défice não aumentou por descontrolo; aumentou porque decidimos aumentar o auxílio social às famílias, às empresas e à economia.»

(citações de memória; as palavras podem não ter sido exactamente estas)

Parece-me não haver qualquer dúvida que estas duas declarações são contraditórias. Se o aumento do défice foi voluntário e programado e não fruto de descontrolo, como diabo pode ter sido uma surpresa? Curiosamente, ontem de manhã diversos canais de televisão deram as duas notícias sem assinalar a contradição. Jornalistas que se limitam a repetir o que os responsáveis políticos dizem, sem cuidar das implicações e de eventuais contradições, são como papagaios. Só à tarde, na TVI, ouvi notar a discrepância entre o PM e o seu principal ministro.