domingo, 21 de junho de 2009

A polémica dos chamados grandes investimentos

Espantam-me algumas reacções ao documento "Apelo à reavaliação dos grandes investimentos públicos" subscrito pelos 28 economistas que decidiram tomar posição. Não seria de esperar aplausos de quadrantes políticos como o BE ou o PCP para quem os subscritores do documento não suscitam simpatias políticas. Mesmo do PS, apesar de muitos dos autores serem ou provirem dessa área, o texto é demasiado crítico e põe em xeque a teimosia de Lino e Sócrates na defesa para além da lógica da sua posição. Mas no que se refere a observadores descomprometidos, eu esperava, na minha ingenuidade, que um documento baseado em dados insofismáveis de fontes oficiais, bem elaborado e solidamente justificado, aliás modesto na sua reivindicação de apenas pedir uma reavaliação, tivesse uma ampla aceitação. Fico portanto admirado com comentários como o de Henrique Jorge no seu blog ou de Manuel Cintra no Sítio com vista sobre a cidade, principalmente com este último. Se o argumento do perigo da localização do aeroporto da Portela merece ser tido em conta (e deve sê-lo numa eventual reavaliação), já me parece injusta a acusação feita por Henrique Jorge de "desmesurada soberba" e de "estes senhores" nos virem "ensinar coisas que toda a gente já viu que não sabem". Sobre a opinião de Manuel Cintra, basta dizer que os 28 não estão a "hipotecar o direito das gerações futuras de ficarem ligadas a uma rede que ligará TODA a Europa, dentro de anos" porque apenas pedem uma reavaliação. E sobre a rede que ligará TODA a Europa, aconselho a estudar o mapa dos comboios de alta velocidade (por exemplo em http://www.worldchanging.com/archives/009028.html) para verificar que por enquanto a ligação a Madrid não nos trará hordas de turistas europeus, talvez mais alguns madrilenos, pois as ligações de TGV a França e, através da França, ao resto da Europa, ainda não estão completas. Talvez "dentro de anos", como diz Manuel Cintra. Então veremos.

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