domingo, 28 de junho de 2009

Manifestos e contra-manifestos

Já dei uma opinião sucinta sobre o manifesto dos 28. Sobre o contra-manifesto dos 51, de início pareceu-me que não tocava nos pontos essenciais: A prioridade é combater o desemprego. Tudo bem. Mas como se criam postos de trabalho para esse fim? Será com as grandes obras públicas que demoram anos a concretizar-se e cuja rentabilidade não está assegurada? Até talvez seja, mas só talvez. Portanto faz todo o sentido propor a sua reavaliação. Mas quando assim cogitava, dei com o postal de Helena Matos e não precisei perder mais tempo a expor a minha opinião.

sábado, 27 de junho de 2009

Medina Carreira

É importante ver a entrevista de há pouco de Medina Carreira por Mário Crespo na SIC-Notícias. Ver e meditar. Como dizia o outro: "É a economia, estúpido!" Que será de Portugal dentro de 10 anos?

domingo, 21 de junho de 2009

Investimento em infra-estruturas

No editorial de ontem, sábado, do i, Martim Avilez Figueiredo, sobre a controvércia dos grandes investimentos públicos, afirma que "Todos percebem de aeroportos, dominam frequência de passageiros no TGV e conhecem os racionais da construção de auto-estradas. É mentira." Com esta acusação, quer dizer que as críticas sobre os grandes investimentos públicos, cujas grandes vantagens o governo não se cansa de enaltecer, partem muitas vezes de quem não tem conhecimentos sobre os assuntos suficientes para dar opinião. Parece-me a acusação injusta. Principalmente quando se torna conhecido o documento dos 28 "Apelo à reavaliação dos grandes investimentos públicos". Os seus autores podem não perceber muito de aeroportos, não dominar a frequência de passageiros no TGV e desconhecer os "racionais da construção de auto-estradas" (estranha designação), mas são ilustres economistas e percebem muito de avaliação de oportunidade de investimentos. Eu também nada percebo de aeroportos, TGV e auto-estradas e dos seus "racionais", nem sequer tenho grandes conhecimentos de economia, para além de uma cadeira tirada no meu curso de engenharia e de alguns cursos profissionais sobre projectos e investimentos, mas, depois de ler o documento dos 28, não tenho dúvidas de que só por teimosia (que é coisa que abunda em certas paragens) se pode duvidar das vantagens de reavaliar estes projectos. Confesso até que me inclino, mesmo antes da referida reavaliação, para pensar que, destes investimentos, uns deverão esperar por melhor situação económica, caso do aeroporto, outros são dispensáveis, caso do TGV, e finalmente outros devem pura e simplesmente ser riscados, como uma nova auto-estrada Lisboa-Porto. Mas reconheço que isto são palpites, e o que é necessário é estudar de forma integrada e tendo em conta a situação económica a oportunidade dos investimentos e o balanço custo/benefício nas suas vertentes económica, social, de desenvolvimento e de emprego.

A polémica dos chamados grandes investimentos

Espantam-me algumas reacções ao documento "Apelo à reavaliação dos grandes investimentos públicos" subscrito pelos 28 economistas que decidiram tomar posição. Não seria de esperar aplausos de quadrantes políticos como o BE ou o PCP para quem os subscritores do documento não suscitam simpatias políticas. Mesmo do PS, apesar de muitos dos autores serem ou provirem dessa área, o texto é demasiado crítico e põe em xeque a teimosia de Lino e Sócrates na defesa para além da lógica da sua posição. Mas no que se refere a observadores descomprometidos, eu esperava, na minha ingenuidade, que um documento baseado em dados insofismáveis de fontes oficiais, bem elaborado e solidamente justificado, aliás modesto na sua reivindicação de apenas pedir uma reavaliação, tivesse uma ampla aceitação. Fico portanto admirado com comentários como o de Henrique Jorge no seu blog ou de Manuel Cintra no Sítio com vista sobre a cidade, principalmente com este último. Se o argumento do perigo da localização do aeroporto da Portela merece ser tido em conta (e deve sê-lo numa eventual reavaliação), já me parece injusta a acusação feita por Henrique Jorge de "desmesurada soberba" e de "estes senhores" nos virem "ensinar coisas que toda a gente já viu que não sabem". Sobre a opinião de Manuel Cintra, basta dizer que os 28 não estão a "hipotecar o direito das gerações futuras de ficarem ligadas a uma rede que ligará TODA a Europa, dentro de anos" porque apenas pedem uma reavaliação. E sobre a rede que ligará TODA a Europa, aconselho a estudar o mapa dos comboios de alta velocidade (por exemplo em http://www.worldchanging.com/archives/009028.html) para verificar que por enquanto a ligação a Madrid não nos trará hordas de turistas europeus, talvez mais alguns madrilenos, pois as ligações de TGV a França e, através da França, ao resto da Europa, ainda não estão completas. Talvez "dentro de anos", como diz Manuel Cintra. Então veremos.

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Humildade?

Pareceu-me completamente bizarro e despropositada a sugestão (ou terá sido pedido ou, pelo contrário, imposição?) da Comissão Política do PS ao seu Secretário-Geral para que apresentasse maior humildade na comunicação com os cidadãos como Primeiro Ministro. De um PM não se suporta arrogância, mas também não se espera humildade.
Pensei que o resultado desta tentativa de mudança de estilo fosse nulo, mas, pior do que isso, foi deploravelmente postiço. Bastou-me ver uns segundos da entrevista de José Sócrates a Ana Lourenço para achar insuportável a sua voz molenga e arrastada, como a pedir licença para falar, quase a imitar o Ricardo de Araújo Pereira a imitá-lo, tentando fazer um ar humilde, mas a dizer a mesma cassette do costume. Não consegui continuar a ver.
Afinal, pelo que vi e li de decalrações do PM, pode ter tentado mudar o estilo de comunicação, mas o espírito, as políticas, as ideias continuam exactamente as mesmas e isso é que o povo português, que não é parvo, não suporta.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Sinais

Apesar da pesada derrota nas eleições europeias e da inevitável assumpção da respectiva responsabilidade, detecto pequenos sinais de que Sócrates não se considera pessoalmente responsável pelo desaire. Ao dizer que é responsável "enquanto secretário-geral do PS" quer dar a entender, de forma subtil, que aceita o fardo da responsabilidade pelo cargo que ocupa no topo do partido derrotado, mas que na realidade a culpa não é dele, terá sido de circunstâncias fora das suas possibilidades de acção. Ao dizer que aceita a "responsabilidade política", destaca ainda mais que é pela posição política que ocupa que se considera responsável. Estes pequenos sinais na linguagem do discurso de derrota do secretário-geral do PS quase fazem pensar que, para Sócrates, foi uma injustiça o descalabro eleitoral, escolheu o melhor cabeça de lista, que por azar teve alguns lapsos de linguagem e por vezes se afastou da linha que ele definiu para o partido, fez um esforço enorme ao participar constantemente na campanha, defendeu corajosamente a política que o governo tem seguido e portanto merecia ganhar. A sorte não o ajudou e os malandros do PSD ultrapassaram-no. Portanto aceita, como secretário-geral, a responsabilidade política, mas no fundo não reconhece que tenha contribuído, nem por acções nem por omissão, para o desastre.
Nem outra coisa seria de esperar de Sócrates.

sábado, 6 de junho de 2009

Europeias: como combater a abstenção

Tive uma ideia para combater a abstenção nas eleições europeias. Talvez seja uma ideia parva, talvez seja uma ideia teoricamente boa mas inexequível, talvez seja exequível mas muito complicada, talvez seja prática mas sem resultados práticos. Talvez, talvez... mas também pode ser uma boa ideia. Duvido é que a sugestão que aqui fica seja lida por alguém que a possa pôr em prática.
Cá vai. O número de deputados europeus a eleger continuaria a ser fixo no seu total, possivelmente até no número actual. Mas a distribuição por países, em vez de ser previamente fixada, passaria a ser proporcional ao número de votos expressos em cada país. Assim, os países com menos abstenção ficariam favorecidos na sua representação, o que seria inteiramente justo. Por outro lado, os países mais abstencionistas teriam menos deputados e ficariam prejudicados, o que também não deixaria de ser justo. Claro que a justiça não seria completa, porque os eleitores votantes de cada país não têm culpa de os seus compatriotas decidirem não comparecer nas assembleias de voto. Talvez se decidissem a insistir com os seus concidadãos para que fossem votar e o resultado seria uma menos abstenção geral.
Que me dizem à ideia? Com um bom programa de computador, a distribuição dos deputados por país seria decidida em minutos.